Em Pretty Idea (2025, PMR / Interscope), Amber Mark parece ter se encontrado. Ponto de equilíbrio entre o R&B contemplativo de Three Dimensions Deep (2022) e o som descompromissado que marca os primeiros registros da artista, como os EPs 3:33am (2017) e Conexão (2018), o álbum destaca o que há de melhor no trabalho da cantora que continua a investir em versos sempre confessionais e uma produção caprichada.

Não por acaso, Mark fez de Sweet Serotonin a primeira canção do disco a ser revelada ao público, em julho deste ano. Guiada por uma linha de baixo destacada e uma bateria que evoca o R&B dos anos 1960 e 1970, a artista combina passado e presente de forma bastante sensível, destacando a construção dos versos que tratam sobre o encanto e a euforia de uma paixão intensa e momentânea, base para o restante do material.

Essa mesma abordagem revisionista, ainda que profundamente autoral, fica bastante explícita na agridoce Too Much. Enquanto os versos da canção revelam a ansiedade e o desejo de alguém que busca clareza em um relacionamento ambíguo, a cantora aproveita para confessar algumas de suas principais referências criativas, interpolando trechos da faixa My Boo, sucesso de Usher e Alicia Keys no começo dos anos 2000.

Partindo desse direcionamento que consegue ser tão nostálgico quanto atual, Mark aproveita para estreitar laços com novos parceiros criativos. É o caso de Anderson .Paak, com quem a cantora divide a funkeada Don’t Remind Me, música que evoca as criações do convidado no Silk Sonic. Já em Different Places, é John The Blind quem dá as caras, detalhando uma canção que incorpora o mesmo R&B minimalista de Prince.

Embora ambientado em um território criativo bastante característico, com Mark se aventurando em meio a canções que combinam R&B, funk e soul, Pretty Idea revela algumas surpresas. É o caso de Cherry Reds, uma balada acústica que ainda incorpora elementos de country. Essa mesma proposta volta a se repetir em The Best of You, faixa que destaca a capacidade da artista do Tennessee em transitar por diferentes estilos.

Entretanto, é quando faz o que sabe de melhor que Mark garante ao público algumas das melhores canções do trabalho. São composições como Let Me Love You, ooo e Problems que, mesmo sem acrescentar grandes inovações ao estilo, destacam o domínio criativo da artista. É como um acúmulo natural de tudo aquilo que tem sido incorporado pela cantora desde os primeiros registros, entretanto livre de possíveis repetições.

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