Ano: 2024
Selo: XL / Innovative Leisure
Gênero: Jazz
Para quem gosta de: Thundercat e Hiatus Kaiyote
Ouça: Sétima Regra e Celestial Hands
Ano: 2024
Selo: XL / Innovative Leisure
Gênero: Jazz
Para quem gosta de: Thundercat e Hiatus Kaiyote
Ouça: Sétima Regra e Celestial Hands
Em fevereiro deste ano, os membros do BADBADNOTGOOD, Alexander Sowinski, Chester Hansen e Leland Whitty, se uniram aos músicos Felix Fox-Pappas (teclados), Kaelin Murphy (trompete), Juan Carlos Medrano Magallenes (percussão) e Tyler Lott (guitarra) para uma série de gravações no Valentine Studios, na cidade de Los Angeles. O resultado desse processo está na formação de Mid Spiral (2024, XL / Innovative Leisure), novo trabalho de inéditas da banda de Toronto, mas que contou com um modelo de apresentação diferente.
Dividido em três porções, o registro foi entregue ao público em blocos semanais que, ao serem observados em unidade, revelam o sucessor de Talk Memory (2021). E ele não perde tempo. Logo de cara, no segmento intitulado Chaos, a banda e seus companheiros de estúdio se aventuram na montagem de composições que posicionam as guitarras psicodélicas e linhas de baixo em primeiro plano, como uma continuação de tudo aquilo que tem sido incorporado desde o amadurecimento instrumental expresso pelo grupo em IV (2016).
Já com a chegada do segundo bloco de canções, batizado Order, é a bateria de Sowinski e a percussão de Magallenes que assumem o protagonismo dentro da obra. São músicas que seguem o ritmo cadenciado da porção inicial do disco, mas que se engrandecem pelas texturas encaixadas pelos dois percussionistas. Um bom exemplo disso é o que acontece em Juan’s World, faixa que incorpora elementos de forró, ou mesmo Sétima Regra, um samba funkeado que evoca Arthur Verocai, com quem a banda canadense já colaborou.
O fechamento do trabalho chega com o agrupamento de canções intitulado Growth. Depois de jogar luz nas cordas de Hansen e nos temas percussivos de Sowinski, é a vez dos sopros de Whitty brilharem com maior intensidade. E é justamente nesse ponto que o grupo alcança maior sintonia e leva o material para outras direções. Terceira canção do segmento, Celestial Hands talvez seja o exemplo máximo disso, evidenciando um capricho e refinamento técnico poucas vezes antes percebido no fino repertório do BADBADNOTGOOD.
E sabe o que é mais fascinante? Ela está longe de ser o único ponto de destaque. Logo nos minutos iniciais, na atmosférica First Love, perceba como cada instrumento parece trabalhado em uma medida própria de tempo, cercando e confortando o ouvinte, direcionamento também reforçado em Ways of Seeing, música que explode em uma doce combinação melódica. A própria Best Left Unsolved, entregue posteriormente, finalizando o projeto, mantém esse mesmo cuidado do BADBADNOTGOOD até os momentos finais da obra.
Naturalmente, todo esse esmero no processo de criação do disco vem dos mais de dez anos de atuação do grupo, mas principalmente do esforço do trio em resgatar e aprimorar uma série de elementos testados em outros trabalhos. Do diálogo com a música brasileira ao jazz lisérgico da década de 1970, não são poucos os momentos em que o BADBADNOTGOOD revisita a própria obra e até se repete criativamente, reduzindo a sensação de ineditismo em torno do material, mas nunca o refinamento aplicado em cada mínimo acorde.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.