Ano: 2024
Selo: Independente
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: Faye Webster e beabadoobee
Ouça: Sexy to Someone e Add Up My Love
Ano: 2024
Selo: Independente
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: Faye Webster e beabadoobee
Ouça: Sexy to Someone e Add Up My Love
Na contramão de outros nomes da indústria, sempre acompanhados de seus habituais parceiros criativos, Clairo tem feito de cada novo álbum de estúdio uma plataforma para estreitar laços com os mais variados colaboradores. Em Immunity (2019), foi Rostam Batmanglij, músico que havia acabado de deixar o Vampire Weekend e ajudou a artista a moldar a própria sonoridade. Dois anos mais tarde, foi a vez do requisitado Jack Antonoff que, entre sessões com Taylor Swift e Lorde, atuou na produção do atmosférico Sling (2021).
Sempre interessada em ampliar os próprios horizontes criativos, Clairo retorna agora com o terceiro álbum de estúdio da carreira, Charm (2024, Independente), e mais um novo colaborador, o músico Leon Michels. Conhecido por integrar o projeto Sharon Jones & the Dap-Kings, o produtor ainda acumula parcerias com Norah Jones, Lee Fields e outros artistas voltados ao jazz/soul, direcionamento que, mesmo preservando a sonoridade reducionista da cantora, orienta parte expressiva do repertório montado para o presente disco.
Diferente dos lançamentos anteriores, Clairo decidiu investir em um formato de gravação analógico, com sessões registradas ao vivo. Entretanto, diferente do esperado em outros exemplares do gênero, sempre marcados por suas pequenas imperfeições e maior naturalidade no processo de captação em estúdio, o que se percebe em Charm é um material marcado pela maciez das vozes e meticuloso processo de criação, reflexo de uma banda de apoio profundamente ensaiada, maior tempo de ensaio e investimento da artista.
Parte desse resultado vem da clara interferência de grandes músicos de estúdio, como o baterista Homer Steinweiss e o baixista Nick Movshon, além, claro, do próprio Michels, mas, principalmente, da imersão e olhar atento de Clairo para a produção da década de 1970. São ecos de Carole King, Carly Simon e outros nomes de peso do período, porém, sempre confrontados pela poesia atual da artista, culminando em uma atmosfera deliciosamente retrô que resulta em algumas das melhores criações já reveladas pela cantora.
Do simples desejo em ser cobiçada por alguém, em Sexy To Someone, passando pela doce melancolia que se apodera de Add Up My Love, poucas vezes antes Clairo pareceu tão explícita em suas composições. É como um avanço claro em relação ao material apresentado pela cantora nos registros anteriores, mas que ainda esbarra em algumas pequenas repetições estruturais e limitações, como as vozes excessivamente contidas, diminuindo o impacto de canções que mereciam maior destaque, caso da introdutória Nomad.
Ainda assim, prevalece em Charm um cuidado poucas vezes antes percebido nos trabalhos de Clairo. Do refinamento dado aos arranjos em Slow Dance, com seus teclados melódicos e sopros, passando pelo uso quase instrumental das vozes, marca de Second Nature, sobram momentos de evidente beleza ao longo do disco. Mesmo a bateria, assassinada por Antonoff no lançamento anterior, tem seus momentos de destaque, refinamento que embala a experiência do ouvinte até os minutos finais do registro, na derradeira Pier 4.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.