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Crítica

Destroyer

: "Dan's Boogie"

Ano: 2025

Selo: Merge

Gênero: Art Rock

Para quem gosta de: Broken Social Scene e Wolf Parade

Ouça: Cataract Time, Bologna e Sun Meet Snow

8.4
8.4

Destroyer: “Dan’s Boogie”

Ano: 2025

Selo: Merge

Gênero: Art Rock

Para quem gosta de: Broken Social Scene e Wolf Parade

Ouça: Cataract Time, Bologna e Sun Meet Snow

/ Por: Cleber Facchi 09/04/2025

Se pegarmos apenas o que Dan Bejar produziu nos últimos dez anos com o Destroyer, como Poison Season (2015), Ken (2017), Have We Met (2020) e Labyrinthitis (2022), já teríamos em mãos um dos catálogos mais invejáveis da história da música. A questão é que o compositor canadense tem feito isso desde o começo da década de 1990 e, ao menos por enquanto, não apresenta qualquer sinal de exaustão ou desgaste criativo.

Prova disso é o fino repertório montado para Dan’s Boogie (2025, Merge). Com produção assinada por John Collins, com quem Bejar tem colaborado desde o começo da carreira, o registro é uma combinação do que há de melhor na obra do grupo canadense. Das letras sempre descritivas e altamente expositivas, passando pelo tratamento aplicado aos arranjos, melodias e vozes, tudo parece pensado para impressionar o ouvinte.

Embora parta de um direcionamento grandioso, Bejar executa tudo com naturalidade e precisão digna de um mestre. A própria escolha em inaugurar o disco com The Same Thing as Nothing at All funciona como uma boa representação desse resultado. Perceba como cada instrumento, mesmo o mais discreto, se revela com evidente destaque, antecipando ou mesmo servindo de complemento ao lirismo agridoce dos versos.

É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais delicada no que talvez seja uma das melhores composições já produzidas pelo artista, Cataract Time. Exatos oito minutos em que Bejar e seus parceiros de banda se aventuram na elaboração de uma faixa que trata de cada elemento como um objeto precioso. Uma doce combinação de sopros, arranjos de cordas e melodias enevoadas que se estendem aos vocais.

Claro que esse capricho todo, também aplicado em canções como Sun Meet Snow e na própria faixa-título, não interfere na apresentação de composições imediatas, como a enérgica Hydroplaning Off the Edge Of The World. A própria Bologna, com ares de música perdida do Air na década de 1990 e vozes divididas com Simone Schmidt, do Fiver, funciona como uma preciosa representação desse dinamismo do material.

Partindo dessa abordagem, Bejar garante ao público um trabalho que equilibra momentos de calmaria e urgência com uma naturalidade única. São composições talvez livres de grandes surpresas e, vez ou outra, bastante similares ao material explorado em obras como Destroyer’s Rubies (2006) e Kaputt (2011), mas que em nenhum momento deixam de atrair o ouvinte para dentro desse universo particular do Destroyer.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.