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Ano: 2025

Selo: Domino / Smugglers Way

Gênero: Experimental

Para quem gosta de: Claire Rousay e Sigur Rós

Ouça: Serpentine, It's Change e Blue Rags, Raging Wind

8.0
8.0

Disiniblud: “Disiniblud”

Ano: 2025

Selo: Domino / Smugglers Way

Gênero: Experimental

Para quem gosta de: Claire Rousay e Sigur Rós

Ouça: Serpentine, It's Change e Blue Rags, Raging Wind

/ Por: Cleber Facchi 14/08/2025

Seja em carreira solo ou no encontro com outros artistas, Rachika Nayar e Nina Keith sempre mantiveram um forte caráter exploratório em suas criações. Não por acaso, ao se encontrar em estúdio pela primeira vez, a conexão entre as duas compositoras foi quase imediata, percepção reforçada em cada uma das onze canções de Disiniblud (2025, Domino / Smugglers Way), trabalho que consolida a relação criativa da dupla.

Enquanto Nayar, conhecida pela elaboração de obras que combinam as possibilidades do pós-rock com o estímulo das batidas eletrônicas, concede ritmo ao disco, Keith, voltada aos improvisos e estudo da música paisagística, preenche todas as lacunas do trabalho com a manipulação das texturas e captações. É como se cada colaboradora atuasse em comunhão com a outra, reforçando a homogeneidade que rege o álbum.

Entretanto, para além dessa atuação complementar entre as duas produtoras, Disiniblud destaca o esforço de Nayar e Keith em criar um mundo próprio. Como indicado na imagem de capa do trabalho, com uma criatura fantástica que soa como uma mescla dos personagens de Onde Vivem os Monstros (1963) com o dragão Falkor, de História Sem Fim (1984), tudo gira em torno de um universo de reimaginações infantis.

Do uso inocente das vozes, sempre carregadas de efeitos, passando pela inserção dos sintetizadores e da percussão cintilante, perceba como as artistas fazem de cada composição um objeto mágico. São músicas como Blue Rags, Raging Wind que alternam entre o etéreo e o pueril, jogando com as sensações do ouvinte. A própria faixa-título, com ecos de Sigur Rós e The Postal Service, é outra que surpreende pela delicadeza.

Uma vez ambientadas nesse cenário de formas flutuantes e melodias cristalinas, Nayar e Keith aproveitam ainda para estreitar laços com diferentes parceiras criativas. É o caso da crescente It’s Change, faixa que se abre para a chegada de Willy Siegel, Katie Dey e Julianna Barwick. Já na atmosférica Serpentine, logo nos momentos iniciais, é Cassandra Croft, dona de uma voz instrumental, quem auxilia a dupla nesse processo.

Mesmo sustentado por uma estética coesa, a repetição de ideias após It’s Change, no meio do disco, faz com que Disiniblud perca parte do senso de fascinação que marca os minutos iniciais do registro. Ainda assim, o trabalho reverbera como um retrato sensível de criação coletiva, onde fantasia e afeto se entrelaçam de maneira essencialmente tocante. Nayar e Keith não entregam ao público apenas um exercício sonoro, mas a construção de um lugar possível, guiado por laços sentimentais, memórias compartilhadas e imaginação.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.