Ano: 2025
Selo: Xeque Mate
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Black Alien e Djonga
Ouça: Assaltos e Batidas e Estamos Te Vendo
Ano: 2025
Selo: Xeque Mate
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Black Alien e Djonga
Ouça: Assaltos e Batidas e Estamos Te Vendo
Caso você tenha apagado da sua mente, FBC é, antes de tudo, um rapper, e dos bons. Depois de flertar com o funk melody, em Baile (2021), colaboração com VHOOR, e mergulhar no som transcendental de O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta (2023), o artista mineiro faz retorno ao gênero que apresentou com Assaltos e Batidas (2025, Xeque Mate), obra que, mais uma vez, destaca a força das rimas.
Repleto de acenos para o rap dos anos 1990, principalmente o boom bap, o álbum produzido por Pepito e Coyote Beatz pode até dialogar em termos de estrutura com o passado, mas mantém os versos no presente. Exemplo disso fica bastante evidente em Você Pra Mim É Lucro, música em que discute o fim da escala 6X1, convoca greve geral, ataca o capitalismo e ainda faz uma interpolação com Lucro, do grupo BaianaSystem.
E isso é apenas uma fração do disco. Em A Voz Da Revolução, por exemplo, FBC parte de trechos da Rádio Libertadora, importante articulação de Carlos Marighella e seus companheiros contra a Ditadura Militar, para destacar a lírica comunista que ecoa como um chamado à revolução. “Trabalhadores, o que vamos fazer? / Vamos tomar o poder! / Está no ar! Está no ar! / A voz da Revolução!”, direciona o artista mineiro.
É como se, em um cenário onde o rap surge como ferramenta de ascensão social que perpetua o estado de opressão, FBC seguisse o caminho oposto, destacando a força da mensagem e entendendo o gênero como importante ferramenta de transformação. A própria narrativa urbana, quase documental, de músicas como Estamos Te Vendo, Me Diga Quem Ganha e a própria faixa-título do álbum, torna isso ainda mais explícito.
Naturalmente, nada do que FBC apresenta aqui pode ser encarado como novidade. A própria inserção de diferentes samples dos Racionais MC’s ao longo da obra torna isso bastante claro. São os mesmos conflitos de vinte, trinta, quarenta anos atrás, como reforçado em Quem Sabe Onde Está Jimmy Hoffa?, faixa em que referencia o líder sindical morto nos anos 1970. Entretanto, se nada mudou, nada mais justo do que cobrar resposta. E o rapper cobra, em alto e bom som, sempre munido de diferentes citações e trechos de filmes.
São fragmentos de Rede de Intrigas (1976) e Os Doze Macacos (1995) que garantem maior profundidade ao repertório montado pelo artista. É como se FBC operasse como um curador da revolta, costurando passado e presente com inteligência, sem abrir mão do apelo popular de suas rimas. Sobrevive justamente nesse equilíbrio entre crítica contundente, a habilidade lírica e o domínio estético, a força de Assaltos e Batidas. Um álbum que chama a atenção não por reinventar a roda, mas por saber exatamente para onde apontar.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.