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Ano: 2022

Selo: Geração Perdida

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Lupe de Lupe e Fábio de Carvalho

Ouça: Vontade e Condor

7.7
7.7

Fernando Motta, Jonathan Tadeu e Vitor Brauer: “Quebra Asa”

Ano: 2022

Selo: Geração Perdida

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Lupe de Lupe e Fábio de Carvalho

Ouça: Vontade e Condor

/ Por: Cleber Facchi 22/11/2022

Três dos nomes mais interessantes (e barulhentos) da cena mineira estão juntos no colaborativo Quebra Asa (2022, Geração Perdida). Produto da parceria entre Fernando Motta, Jonathan Tadeu e Vitor Brauer (Lupe de Lupe), o trabalho encarado como uma “plataforma colaborativa” entre músicos da Geração Perdida de Minas Gerais concentra o que há de mais caótico no som incorporado por cada colaborador. “As únicas regras eram: seríamos uma banda de rock, as músicas teriam energia e tentaríamos fugir um pouco do que cada um faz na sua carreira solo“, resumiu Motta no texto de apresentação do registro.

E isso fica bastante evidente logo nos minutos iniciais do álbum, em Peso Morto. Partindo de uma base contida, a faixa pouco a pouco se transforma em um turbilhão instrumental que contrasta pela letra marcada pela sensibilidade dos temas. “Não faz do seu ouro um peso morto / Não vá se esconder embaixo desse véu / Somos o oceano“, canta Motta. É como um aquecimento para tudo aquilo que o trio busca desenvolver ao longo da obra, vide a crueza que atravessa o disco na canção seguinte, Lesei, com sua bateria furiosa e guitarras granuladas, sempre ruidosas, como se saídas de album trabalho do Mudhoney.

São justamente essas pequenas oscilações e quebras repentinas que tornam a audição do trabalho tão satisfatória. Instantes em que o trio mineiro vai da calmaria e caos, arrastando o público para dentro de um território completamente imprevisível. Terceira faixa do disco, Condor sintetiza de forma provocativa esse delirante senso de direção adotado pelo grupo. Enquanto os minutos iniciais esbarram na obra de artistas como Deftones, efeito da linha de baixo suculenta e destacada, minutos à frente, são os ruídos incessantes e vozes berradas por Motta que orientam e tumultuam a experiência do ouvinte na mesma proporção.

E ela está longe de ser a única faixa a utilizar do mesmo direcionamento criativo. Como indicado na introdutória Peso Morto, Quebra Asa se sustenta a partir de composições que mais parecem agregados de informações. São canções que transitam por diferentes estilos e confessam referências em um curto intervalo de tempo. Partindo dessa insana combinação de ideias, o trio vai de registros contemplativos, como em Coliseu, à formação de músicas ancoradas em memórias e experiências pessoais, vide o material entregue na turbulenta Meridianos. “Você já fez a merda / Agora assume e engole / Seu orgulho“, canta.

Mesmo quando utiliza de uma abordagem linear e talvez previsível, como em Eu Vou Pagar Pra Ver, prevalece a fluidez dos elementos e evidente entrosamento entre os membros da banda. Partindo da linha de baixo de Tadeu, a bateria dinâmica de Brauer se completa pela guitarra ruidosa e vocais de Motta, capturando a atenção do ouvinte sem grandes dificuldades. A própria Vontade, escolhida para anunciar a chegada do disco, funciona como uma boa representação de tudo aquilo que o grupo busca desenvolver ao longo do trabalho. São blocos de ruídos, batidas e vozes que orbitam um universo bastante particular.

Mais do que um registro marcado pelo cruzamento de informações, diferentes propostas criativas e experiências compartilhadas por cada integrante, Quebra Asa se apresenta ao público como uma obra de possibilidades. Não por acaso, Embaixo da Escada foi a composição escolhida para o fechamento do trabalho. Pouco mais de nove minutos em que o grupo parte de uma ambientação contida, lembrando as criações de Motta em Desde Que o Mundo É Cego (2017), mas que assume novas direções, soterra o ouvinte em uma avalanche de ruídos e ainda deixa o caminho aberto para os futuros lançamentos do trio mineiro.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.