Ano: 2025
Selo: Young
Gênero: Pop, Eletrônica
Para quem gosta de: Kelela e Arca
Ouça: Eusexua, Striptease e Girl Feels Good
Ano: 2025
Selo: Young
Gênero: Pop, Eletrônica
Para quem gosta de: Kelela e Arca
Ouça: Eusexua, Striptease e Girl Feels Good
De Beyoncé à Jessie Ware, de Dua Lipa à Charli XCX, não foram poucas as cantoras que, nos últimos anos, encontraram na intensa relação com as pistas a passagem para algumas de suas melhores obras. Embora imersa nesse mesmo universo criativo, Tahliah Barnett, a FKA Twigs, segue uma abordagem parcialmente distinta em Eusexua (2025, Young). Partindo do estado de êxtase que dá nome ao disco, um termo criado por ela mesma, a multiartista se aprofunda ainda mais nos próprios desejos, sentimentos e inquietações.
“Você se sente sozinho? / Você não está sozinho / E se te perguntarem, diga que sente / Mas não chame isso de amor, Eusexua”, canta na atmosférica faixa-título. Escolhida para inaugurar o disco, a música não apenas cumpre a função de ambientar o ouvinte ao trabalho, como apresenta parte expressiva dos elementos que serão incorporados ao longo do material. São composições que apontam para a obra de Madonna e Björk na década de 1990, mas em nenhum momento ocultam a identidade criativa e entrega da cantora inglesa.
Exemplo disso fica mais do que evidente com Striptease. Enquanto os versos destacam a vulnerabilidade que há tempos embala as criações da artista (“Me abrir parece um striptease / Seda para minhas lágrimas e renda para meus medos”), batidas cadenciadas trazem de volta a atmosfera contemplativa que marca os dois discos anteriores da cantora, LP1 (2014) e Magdalene (2019). Essa mesma delicadeza fica ainda mais explícita no reducionismo de Sticky, composição em que ainda usa trechos de Avril 14th, de Aphex Twin.
Entretanto, é quando realmente se entrega às pistas que FKA Twigs apresenta ao público alguma de suas melhores criações. É o caso de Girl Feels Good, canção em que parece apontar para o trabalho de William Orbit no cultuado Strange Cargo III (1993). Outra que chama a atenção é Keep It, Hold It, composição em que volta a colaborar com Nicolas Jaar, seguindo de onde parou durante o lançamento do disco anterior, porém, destacando a ainda mais a força das batidas. Nada que pareça diminuir a presença de Koreless.
Parceiro de longa data da cantora, o produtor galês assume um papel ainda maior em Eusexua, sendo o principal responsável por amarrar as diferentes ideias e direções criativas que vão da pulsante Perfect Stranger ao pop atmosférico da melancólica 24hr Dog. O próprio artista acaba assinando com FKA Twigs uma das principais canções do trabalho, Drums Of Death. São pouco mais de três minutos em que as vozes da britânica se transformam em um instrumento nas mãos de Koreless, que ainda brinca com as batidas.
Embora consistente na maior parte do tempo, Eusexua acaba tropeçando em músicas como a tenebrosa Childlike Things. Completa pela participação de North West, a canção não apenas se mostra deslocada do restante da obra, como se apropria de maneira estereotipada da cultura japonesa para fazer uma pregação religiosa. A própria composição de encerramento, Wanderlust, mais parece uma sobra do disco anterior.
Ainda assim, quando observamos o trabalho em sua totalidade, incontestável é a força criativa da cantora que, para o bem ou para o mal, continua a tensionar os próprios limites em estúdio. É como um novo olhar para as pistas de dança. Instante em que a artista mantém firme o diálogo com a produção de veteranos do gênero, mas em nenhum momento deixa de dialogar com o presente, vide a forte similaridade com Raven (2023), de Kelela. Um intenso jogo de sensações que, mais uma vez, evidencia a potência de FKA Twigs.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.