Ano: 2025
Selo: Double Double Whammy,
Gênero: Indie Folk
Para quem gosta de: Lomelda e Big Thief
Ouça: Have Heaven e This Was A Gift
Ano: 2025
Selo: Double Double Whammy,
Gênero: Indie Folk
Para quem gosta de: Lomelda e Big Thief
Ouça: Have Heaven e This Was A Gift
De registros assumidos integralmente, como Emily Alone (2019), passando por obras colaborativas, caso do homônimo trabalho entregue há três anos, Emily A. Sprague tem feito do Florist um repositório de canções marcadas pela força dos sentimentos e arranjos acústicos sempre reducionistas. Um espaço conceitual que se divide entre faixas puramente pessoais, como trechos de um diário musicado, e diálogos com o ouvinte.
Quinto e mais recente álbum de estúdio da banda, que ainda conta com Rick Spataro, Jonnie Baker e Felix Walworth, Jellywish (2025, Double Double Whammy) é um ótimo exemplo disso. Do momento em que tem início, em Levitate, até alcançar a derradeira Gloom Designs, já revelada ao público, tudo gira em torno de uma delicada combinação de vozes macias, atmosféricos arranjos acústicos e versos sempre confessionais.
“A terra é pequena, mas estou perdida nela / Não é tudo apenas um ataque violento?”, questiona em Moon, Sea, Devil, faixa que destaca a sensação de deslocamento de Sprague, tema recorrente nas composições do Florist, mas que ganha ainda mais destaque em Jellywish. É como se, ao partir das próprias inquietações, a artista encontrasse um caminho totalmente aberto até o ouvinte, tratando tudo com máxima honestidade.
O resultado desse processo está na entrega de um trabalho que ora acolhe, ora tensiona a experiência do ouvinte. São composições contrastantes, como o anti-mantra Have Heaven, em que tenta escapar do caos urbano, e This Was A Gift, em que encontra conforto no amor. Fragmentos poéticos que potencializam tudo aquilo que a compositora tem apresentado desde a entrega do introdutório The Birds Outside Sang (2016).
Apesar da sofisticação lírica, efeito dos mais de dez anos de atuação de Sprague em estúdio, Jellywish soa como um dos registros menos cativantes da artista em termos musicais. Salve exceções, como as texturas e efeitos borbulhantes em All the Same Light, ou mesmo as guitarras destacadas em This Was a Gift, tudo gira em torno de um limitado conjunto de arranjos acústicos e estruturas há muito incorporadas pela musicista.
Ainda assim, tudo é elaborado com tamanha delicadeza por parte de Sprague e seus parceiros em estúdio que é difícil não se deixar conduzir pelo trabalho. Tal qual o portal que ilustra a imagem de capa do disco, Jellywish serve de passagem para um território mágico. Um registro talvez marcado pelo comodismo, mas que soa como um lembrete discreto da potência da simplicidade — daquilo que, mesmo sutil, permanece.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.