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Crítica

Japanese Breakfast

: "For Melancholy Brunettes (& Sad Women)"

Ano: 2025

Selo: Dead Oceans

Gênero: Indie, Art Pop

Para quem gosta de: Mitski e Angel Olsen

Ouça: Orlando in Love, Honey Water e Picture Window

8.3
8.3

Japanese Breakfast: “For Melancholy Brunettes (& Sad Women)”

Ano: 2025

Selo: Dead Oceans

Gênero: Indie, Art Pop

Para quem gosta de: Mitski e Angel Olsen

Ouça: Orlando in Love, Honey Water e Picture Window

/ Por: Cleber Facchi 26/03/2025

Seja na literatura ou nos trabalhos como Japanese Breakfast, Michelle Zauner sempre encontrou na força dos próprios sentimentos a passagem para grandes obras. E isso fica ainda mais evidente com a chegada de For Melancholy Brunettes (& Sad Women) (2025, Dead Oceans), registro em que se entrega às emoções e firma na produção caprichada de Blake Mills um contraponto soturno ao som radiante de Jubilee (2021).

Inaugurado em meio a arranjos acústicos, sintetizadores cristalinos e sopros de Here is Someone, o registro busca com a delicada canção de abertura ambientar o ouvinte aos temas que Zauner desenvolve ao longo do trabalho. “Observando você do quintal / A vida é triste, mas alguém está aqui”, canta. São versos sempre confessionais e melancólicos, como a passagem para um universo particular da musicista norte-americana.

Com o ouvinte ambientado ao trabalho, Zauner se concentra na entrega de faixas que seguem uma medida própria de tempo, mas nunca deixam de encantar. Em Orlando In Love, são delicados arranjos de cordas e melodias inebriantes que se conectam aos versos marcados pelo romantismo clássico. Já em Men in Bars, o diálogo com o country leva o registro para outras direções e ainda se completa pelas vozes de Jeff Bridges.

São variações de um mesmo universo temático, com Zauner discorrendo sobre personagens solitários que estão sempre em busca de um novo amor ou mesmo se libertando dele. “Dizem que só o amor pode mudar um homem / Mas tudo o que muda sou eu”, canta em Honey Water, faixa que ainda chega acompanhada de um refrão impactante (“Vá / Eu não me importo”) e guitarras carregadas de efeitos em seus minutos finais.

Mesmo quando tende ao pop e traz de volta a atmosfera ensolarada de Jubilee, como em Picture Window, Zauner mantém firme a forte carga emocional que define o disco. “Você não pensa na minha morte a cada minuto / Enquanto sua vida passa por você?”, provoca. Esse mesmo direcionamento pode ser percebido em Mega Circuit, faixa em que discute masculinidade tóxica sem necessariamente perder o toque radiofônico.

São justamente essas pequenas curvas temáticas, como na derradeira Magic Mountain, em que referencia a obra de Thomas Mann, que tornam a audição do registro tão fascinante. Desvios poéticos que não apenas protegem Zauner de sufocar pelo romantismo monotemático que tende a desgastar o material, como ainda levam o trabalho de Japanese Breakfast para outras direções, reforçando o caráter exploratório da artista.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.