Ano: 2025
Selo: Independente
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Ana Frango Elétrico
Ouça: Sou Fera, Maravilhosamente Bem e Vampiro
Ano: 2025
Selo: Independente
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Ana Frango Elétrico
Ouça: Sou Fera, Maravilhosamente Bem e Vampiro
Julia Mestre está bem, maravilhosamente bem. Entretanto, o sentimento não era esse quando a cantora e compositora carioca mergulhou no exercício de criação do terceiro álbum em carreira solo. Nascido de um processo de cura, o registro, produzido em parceria com os músicos Gabriel Quinto, João Moreira e Gabriel Quirino, foi gestado aos poucos, até que a artista, pela primeira vez, se sentisse dona da própria trajetória.
Não por acaso, em janeiro, quando decidiu revelar ao público uma mostra do álbum, Sou Fera foi a canção escolhida para assumir essa função. E não poderia ser diferente. Primeira faixa do trabalho composta por Mestre, a canção traz de volta uma série de elementos testados no antecessor Arrepiada (2023), como os acenos para o pop dos anos 1980 e a obra de Rita Lee, porém prepara o terreno para o presente registro.
Se no disco anterior Mestre mergulhava em um repertório de atmosfera ensolarada, em Maravilhosamente Bem a cantora segue o caminho oposto. Não se trata de uma obra soturna, mas que desfruta dos prazeres e sensações da vida noturna. A própria faixa-título, posicionada logo na abertura do trabalho, funciona como uma boa representação dos temas dançantes que embalam a experiência do ouvinte até o fim do material.
E ela não é a única. Em Veneno da Serpente, o flerte com a produção eletrônica ganha destaque, levando o trabalho para as pistas de Ibiza no início da década de 1990. Nada que prepare o ouvinte para o material apresentado em Marinou, Limou, composição que transforma Marina Lima em verbo, abre passagem para a chegada da conterrânea carioca e ainda evidencia uma leveza antes inexistente no repertório de Mestre.
Entretanto, a real beleza do disco não está nos momentos de explícita euforia, mas na forma como a cantora equilibra isso com uma seleção de canções marcadas pela vulnerabilidade. São faixas como Seu Romance, que parece sintonizada em uma estação de rádio durante a madrugada, além de outras como a misteriosa Vampira e Pra Lua, com seus versos enevoados, que delicadamente levam o trabalho para outras direções.
Ainda que esse mesmo catálogo de canções românticas seja responsável por desacelerar o ritmo da obra e tornar a segunda metade do trabalho bastante arrastada, vide faixas como Sentimento Blues, uma vez que adentramos o território de Maravilhosamente Bem, é difícil escapar. Como bem representado na imagem de capa, com a cantora sentada embaixo de uma tenda bucólica, Mestre aguarda pacientemente até que o registro capture a atenção e surta efeito no ouvinte. E você pode ter certeza: não demora para acontecer.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.