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Crítica

Magdalena Bay

: "Imaginal Disk"

Ano: 2024

Selo: Mom + Pop

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Yeule e Kero Kero Bonito

Ouça: Death & Romance e Vampire in the Corner

8.6
8.6

Magdalena Bay: “Imaginal Disk”

Ano: 2024

Selo: Mom + Pop

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Yeule e Kero Kero Bonito

Ouça: Death & Romance e Vampire in the Corner

/ Por: Cleber Facchi 28/08/2024

O que significa ser humano?

Essa é a pergunta que Mica Tenenbaum e Matthew Lewin buscam responder no segundo e mais recente trabalho de estúdio do Magdalena Bay, Imaginal Disk (2024, Mom + Pop). Centrado na história de True, uma extraterrestre que teve seus implantes cerebrais rejeitados durante um procedimento de atualização, o registro parte de uma abordagem típica de um exemplar de ficção científica, porém, estreita laços com o ouvinte ao estabelecer na força dos sentimentos o estímulo para a formação de cada uma das composições.

Sequência ao material entregue pela dupla em Mercurial World (2021), Imaginal Disk se aprofunda ainda mais em questões emocionais, momentos de vulnerabilidade e crises existenciais, como uma extrapolação poética dos conflitos internos dos dois artistas. “Sem amor, estou sem mim“, confessa Tenenbaum logo nos minutos iniciais do disco, na crescente Killing Time, composição que sintetiza parte dos temas que serão explorados pela banda norte-americana nos mais de 50 minutos que embalam a experiência do ouvinte.

A diferença em relação ao trabalho anterior, também marcado pela intensa carga emocional, está na forma como os dois artistas complexificam a construção dos versos sem necessariamente romper com o pop. Exemplo disso fica evidente na sequência formada por Image e Death & Romance. São pouco mais de oito minutos em que a dupla se aprofunda em questões existenciais e nas relações humanas, porém estabelece na construção das batidas e bases instrumentais um convite irrecusável a se perder nas pistas de dança.

São composições que começam pequenas, por vezes discretas em excesso, mas que avançam aos poucos e explodem nos momentos finais. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida em Vampire in the Corner. Enquanto os versos destacam a sensibilidade de Tenembaum (“Eu quero que você seja meu / Já te disse mil vezes que sou sua namorada”), camadas de sintetizadores, batidas e vozes se entrelaçam aos poucos, sem pressa, culminando em um fechamento catártico que destaca a grandeza da dupla em estúdio.

Parte desse resultado vem do esforço dos dois artistas em resgatar elementos do próprio passado, como a relação com o rock progressivo, marca do Tabula Rasa, antigo projeto da dupla. É como se Tenenbaum e Lewin alcançassem um ponto de equilíbrio entre o experimentalismo e o pop, direcionamento reforçado em músicas como a transcendental Tunnel Vision. São pouco mais de cinco minutos em que os membros do Magdalena Bay tensionam os limites de Imaginal Disk, arremessando o ouvinte de um canto da obra.

Sobrevive nessa capacidade da dupla em transitar por diferentes estilos a real beleza do som produzido pelo Magdalena Bay. Mesmo excessivamente longo e pontuado pela inserção de faixas de menor impacto, Imaginal Disk mantém a atenção do ouvinte em alta até os minutos finais. É como se a cada composição os dois artistas abrissem passagem para um novo território criativo, proposta que leva a música pop para outras direções, evidenciando a capacidade de Tenenbaum e Lewin em brincar com as possibilidades.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.