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Crítica

Miya Folick

: "Erotica Veronica"

Ano: 2025

Selo: Nettwerk

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Phoebe Bridgers

Ouça: Fist, Erotica e This Time Around

7.0
7.0

Miya Folick: “Erotica Veronica”

Ano: 2025

Selo: Nettwerk

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Phoebe Bridgers

Ouça: Fist, Erotica e This Time Around

/ Por: Cleber Facchi 25/03/2025

Desde o início da carreira, Miya Folick sempre manteve um forte aspecto expositivo em seus trabalhos. Da estreia com Premonitions (2018), passando pela entrega do posterior Roach (2023), tudo sempre girou em torno das experiências sentimentais da cantora. Um delicado exercício de entrega emocional que ganha novo e curioso significado nas composições de Erotica Veronica (2025, Nettwerk), terceiro álbum de Folick.

Como indicado no próprio título e imagem de capa do trabalho, com Folick se levantando de um ambiente sujo, Erotica Veronica se aprofunda na relação da musicista com o sexo, na busca por desejos reprimidos e nas vivências da cantora como uma pessoa queer. “Eu só quero flertar com uma garota / Em plena luz do dia na rua”, confessa na introdutória faixa-título, composição que funciona como síntese criativa do álbum.

Partindo desse direcionamento, Folick garante ao público algumas de suas composições mais honestas. São versos que mergulham nos tormentos mais profundos da artista, detalham relacionamentos à beira de um colapso e estabelecem nesse aspecto confessional um diálogo com o ouvinte. É como se a cantora fosse ao encontro de nomes como Adrianne Lenker e Phoebe Bridgers, porém, preservando a própria identidade.

Você tem perdido peso / Como disse que queria / Mas agora sinto falta das suas velhas moléculas”, canta na dolorosa Fist, música que destaca o lirismo apurado de Folick, como uma evolução natural em relação ao repertório apresentado nos discos anteriores. E ela está longe de ser a única composição a partilhar do mesmo refinamento poético, vide This Time Around, La Da Da e demais canções que integram o material.

Pena que esse mesmo capricho na elaboração dos versos pareça não se refletir na execução dos arranjos. São estruturas bastante similares, por vezes básicas. Falta ao trabalho a mesma pluralidade de elementos encontrados em Premonitions. Isso fica ainda mais evidente quando avançamos para a segunda metade de Erotica Veronica, quando a produção limitada de Folick diminui consideravelmente o impacto das canções.

Ainda assim, a intensidade confessional do trabalho e a forma como Folick se despe de qualquer reserva garante ao disco momentos memoráveis. A própria música de encerramento do álbum, Light Through the Linen, com seus arranjos e vozes reducionistas que evocam Mitski, funciona como uma boa representação desse comprometimento e entrega sentimental que orienta a musicista até os minutos finais do registro.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.