Ano: 2024
Selo: Empire / Moonstone
Gênero: Neo-Soul, R&B
Para quem gosta de: Ravyn Lenae e Amber Mark
Ouça: Rise, Junebug e Lucky
Ano: 2024
Selo: Empire / Moonstone
Gênero: Neo-Soul, R&B
Para quem gosta de: Ravyn Lenae e Amber Mark
Ouça: Rise, Junebug e Lucky
Existe algo de mágico na música de Raveena. Ainda que profundamente atrelada aos padrões da indústria, dialogando de forma bastante natural com outros representantes do R&B/neo-soul, a artista descendente de indianos utiliza de uma abordagem bastante particular, investindo na produção de um repertório sempre marcado pelos detalhes e que aos poucos transcende os limites do pop tradicional. Exemplo disso fica mais do que mais evidente na execução de Where The Butterflies Go In The Rain (2024, Empire / Moonstone).
Sequência ao material entregue no também sofisticado Asha’s Awakening (2022), registro em que decidiu se aventurar pelo pop em uma abordagem meditativa e transcendental, Where The Butterflies Go In The Rain amplia significativamente o campo de atuação da musicista do Massachusetts. Longe da abordagem sintética e reducionista de outros exemplares do gênero, cada vez mais inclinados à produção eletrônica, Raveena e seus parceiros se concentram na entrega de um repertório orgânico e marcado pela elegância.
É como se cada instrumento, mesmo o mais discreto, fosse trabalhado de forma a capturar a atenção do ouvinte, esmero que vai da percussão marcada pelas texturas ao fino tratamento dado aos arranjos e linha de baixo sempre destacada. Perfeita representação desse resultado, Rise destaca o capricho de Raveena em sua totalidade. Da voz cuidadosamente encaixada, passando pelo uso complementar dos metais, cada mínimo fragmento assume uma posição de destaque, evidenciando a minúcia da artista e seus parceiros.
Mesmo quando utiliza de uma abordagem ainda mais acessível e voltada ao pop, como em Lucky, a artista em nenhum momento diminui o refinamento dado ao disco. Enquanto os versos parecem pensados para envolver o ouvinte (“Não há necessidade de lutar contra isso, eu sei que você me ama / Levante minha saia, agora, não se sinta com sorte“), sintetizadores e pianos elétricos servem de base para o violão meticuloso e baixo do produtor Aaron Liao, fazendo com que a delicada canção soe como uma música perdida de Sade.
Claro que isso não interfere na produção de faixas mais emergenciais, por vezes íntimas do mesmo R&B explorado por Raveena no introdutório Lucid (2019). É o caso de Junebug, canção que se completa pela participação do rapper JPEGMAFIA, levando o trabalho para outras direções. Surgem ainda criações como a inusitada 16 Candles, colaboração com a nova-iorquina Ganavya em que se aventura pelo country, além, claro, de Lose My Focus, preciosidade em que vai da música indiana ao pop de forma totalmente particular.
Apesar dessa riqueza de detalhes e capacidade de Raveena em transitar por diferentes estilos, Where The Butterflies Go In The Rain, assim como o registro que o antecede, peca pelos excessos. Passada a curtinha We Should Move Somewhere Beautiful, parceria com a cantora Arima Ederra, o trabalho perde muito do impulso, ritmo e ineditismo explícito na porção inicial, resultando em canções como Water e Smile For Me que, embora íntimas do mesmo refinamento instrumental, parecem incapazes de causar qualquer impacto.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.