Ano: 2025
Selo: Dorileo
Gênero: MPB
Para quem gosta de: Cícero e Tim Bernardes
Ouça: Ouro, Noite de Réveillon e Feiticeiro Gozador
Ano: 2025
Selo: Dorileo
Gênero: MPB
Para quem gosta de: Cícero e Tim Bernardes
Ouça: Ouro, Noite de Réveillon e Feiticeiro Gozador
A sutileza dos arranjos e riqueza poética explícita em Feiticeiro Gozador diz muito sobre aquilo que Rubel busca desenvolver em Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso? (2025, Dorileo). Totalmente livre dos excessos que marcam o antecessor As Palavras (2023), o músico carioca agora desfila em uma sequência de faixas que encontram no reducionismo e sensibilidade a passagem para uma obra de notável grandeza.
Não por acaso, dado esse primeiro passo dentro do registro, A Janela, Carolina, vinda logo em sequência a Feiticeiro Gozador, reforça o acabamento acústico, ruídos e ambientação caseira do material. Versão para A La Ventana, Carolina, do mexicano El David Aguilar, a canção pontuada pelo respiro de Rubel e sons de cliques em um computador projeta a intimidade que o músico busca desenvolver no decorrer do trabalho.
São movimentos sempre calculados do violão, a percussão diminuta e o uso ocasional de sopros e cordas que fazem da palavra o elemento central. É como um regresso ao mesmo território criativo explorado no introdutório Pearl (2015), porém, preservando a fluidez explícita em Casas (2018). Exemplo disso fica mais do que evidente no que talvez seja a principal composição do álbum, Ouro. Romântica sem ceder ao óbvio, a faixa de acabamento cinematográfico combina amor, erotismo e paisagens urbanas de maneira intensa.
É como um contraponto ao que se revela na canção seguinte, Azul, Bebê. Dotada de uma maciez que vai da formação dos arranjos à elaboração dos versos, a faixa que trata do amor como elemento de reconstrução e cura destaca o lado mais acessível do músico carioca. Nada que a econômica Pergunta ao Tempo, vinda logo em sequência, não dê conta de corromper, levando mais uma vez o trabalho para um canto escuro.
Passado esse momento de propositado reducionismo, Noite de Réveillon cresce não apenas na construção dos versos que tratam sobre frustrações íntimas, promessas vazias e a busca falha por transformação, mas no acabamento dos arranjos que tendem ao jazz. É como um preparativo para o que se revela em Carta de Maria, um samba que cheira a Caetano Veloso, leva o trabalho para outras direções, mas é logo substituído pela contida Praticar a Teimosia, matando parte da elevação que vinha sendo orquestrada pelo compositor.
Sobrevive justamente nessa imprevisível combinação de estilos o grande charme do trabalho. São canções intimamente conectadas aos antigos registros do músico, o que diminui a sensação de impacto do material, porém espalhadas de forma que é impossível prover qualquer movimento do artista. A própria escolha de Rubel em encerrar o disco com uma versão para Reckoner, do Radiohead, torna isso bastante explícito. É como se o cantor encerrasse o álbum reafirmando que, em seu universo, até o improvável encontra lugar.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.