Ano: 2025
Selo: Sacred Bones Records
Gênero: Rock, Art Pop
Para quem gosta de: Indigo de Souza e SASAMI
Ouça: Portrait Of My Heart, Alibi e Keep It Alive
Ano: 2025
Selo: Sacred Bones Records
Gênero: Rock, Art Pop
Para quem gosta de: Indigo de Souza e SASAMI
Ouça: Portrait Of My Heart, Alibi e Keep It Alive
A grande beleza da obra de Spellling é que você nunca sabe exatamente qual será o próximo passo dado por Chrystia Cabral. Se em Mazy Fly (2019) eram os sintetizadores e criativo diálogo com o pop dos anos 1980 que orientava a obra da cantora e compositora norte-americana, com a chegada do trabalho seguinte, o caprichado The Turning Wheel (2021), são os temas orquestrais que embalam a experiência do ouvinte.
Longe de qualquer traço de surpresa, ao avançarmos pelas canções de Portrait of My Heart (2025, Sacred Bones Records), quarto e mais recente álbum de inéditas da carreira, Cabral mais uma vez muda os rumos da própria criação. Sequência ao disco de releituras Spellling & the Mystery School (2023), o registro de 11 faixas chama a atenção pela forma como a artista encontra na relação com o rock as bases para o material.
A própria escolha de Sometimes como composição de encerramento do disco talvez seja o exemplo mais representativo disso. Originalmente lançada no início da década de 1990, como parte do cultuado Loveless (1991), obra-prima do My Bloody Valentine, a releitura segue a trilha do repertório orquestrado por Kevin Shields, porém, estabelece na maior limpidez e força dos vocais a verdadeira força do trabalho de Cabral.
Nada que diminua a sensação de impacto causada pelas músicas assinadas pela própria cantora. É o caso da faixa-título do álbum. Posicionada logo na abertura do disco, a canção combina os arranjos de cordas do registro anterior com um potente jogo de guitarras, batidas firmes e vozes tratadas como um instrumento complementar. É como um ensaio para aquilo que a musicista busca desenvolver no restante do material.
São músicas como Keep It Alive, Waterfall e Alibi que alternam entre o rock produzido na década de 1990 e o emo dos anos 2000 com uma naturalidade única. Mesmo quando se afasta desse universo e regressa momentaneamente aos temas do trabalho anterior, como em Destiny Arrives, Cabral mantém sempre um elemento de conexão, como o uso de guitarras carregadas de efeitos e imposição quase cênica dos vocais.
O problema é que todas essas ideias e instantes de maior grandeza se concentram quase que inteiramente na primeira metade do trabalho. Com exceção de canções como Drain e a já citada releitura de Sometimes, o que se percebe é uma série de músicas pouco inspiradas ou que repetem elementos testados na porção inicial do registro. Uma conclusão morna para um material que promete mais do que consegue sustentar.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.