Ano: 2025
Selo: Meia-Noite FM
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: Maglore e Dingo
Ouça: Eu Nasci Pra Você e Minha Juventude Acabou
Ano: 2025
Selo: Meia-Noite FM
Gênero: Pop Rock
Para quem gosta de: Maglore e Dingo
Ouça: Eu Nasci Pra Você e Minha Juventude Acabou
Teago Oliveira é um poeta de canções. Daquelas que machucam, provocam, acolhem, reconciliam e, acima de tudo, permanecem. E é justamente cantando sobre aquilo que perdura, mesmo temporariamente, que o cantor e compositor baiano, conhecido pelo repertório como vocalista da banda Maglore, firma as bases para o segundo e mais recente registro em carreira solo, Canções do Velho Mundo (2025, Meia-Noite FM).
Contraponto ao caos do cotidiano, à lógica algorítmica e à pressa do mundo digital, o sucessor de Boa Sorte (2019) é um trabalho que avança aos poucos, sem pressa. Um fino repertório de canções que existem pelo tempo que precisam para manifestar suas inquietações, momentos de vulnerabilidade emocional e crises existenciais que talvez partam das experiências sentidas pelo artista baiano, mas que também são nossas.
O próprio processo de composição do trabalho, com Oliveira utilizando de instrumentação analógica, em um estúdio montado dentro de casa, reforça esse aspecto humano e tão particular do disco. São canções que partem de temáticas bastante específicas, como relacionamentos incertos, maturidade emocional ou cenas simples do cotidiano, mas que incorporam questões e experiências acumuladas em uma vida inteira.
Terceira música do disco, Eu Nasci Pra Você talvez seja o exemplo máximo disso. Ao mesmo tempo em que celebra o amor em um refrão pra lá de pegajoso (“Eu nasci pra você, cê nasceu pra mim / E a gente junto é descomplicado”), Oliveira reflete sobre o cenário ao redor (“Os nossos chefes hoje são computadores”) e o fazer artístico (“De um lado há o nosso eu mais verdadeiro / Do outro, esse refrão que paga as contas”), com uma profundidade única. E essa riqueza de detalhes acaba se refletindo durante toda a execução da obra.
Do momento em que tem início, na sóbria reflexão sobre o próprio envelhecimento em Minha Juventude Acabou, passando pelo processo de autoconhecimento e solidão de Ninguém Liga, às relações humanas em Desencontros, Despedidas, Oliveira convence e comove sem qualquer esforço. Talvez, por isso, faixas como as colaborativas Vida de Casal, com Silvia Machete, e Spaceships, junto de Eric Slick, da banda Dr. Dog, soem belas, mas menos naturais, com o músico freando o estilo fluido para se adaptar aos parceiros.
Entretanto, mesmo nesses momentos de sutil desconexão com o restante da obra, Oliveira mantém firme o capricho na elaboração dos arranjos, melodias e vozes. E não poderia ser diferente. Profundo conhecedor desse velho mundo, o artista usa os mais de 15 anos de carreira como estímulo para uma de suas criações mais completas e complexas. Um trabalho que talvez não aponta novos caminhos, mas consolida com notável autoridade e beleza tudo aquilo que o compositor baiano há muito domina com rara sensibilidade.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.