Ano: 2024
Selo: MambaRec
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Badsista e Linn da Quebrada
Ouça: Para Sempre Vou Te Amar, Fala e A Tua Onda
Ano: 2024
Selo: MambaRec
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Badsista e Linn da Quebrada
Ouça: Para Sempre Vou Te Amar, Fala e A Tua Onda
Seja em cima dos palcos, em sempre espantosas apresentações ao vivo, ou dentro de estúdio, Teto Preto é um projeto que fascina pela capacidade de seus integrantes em continuamente tensionar a experiência do ouvinte e jogar com regras próprias. Segundo e mais recente trabalho de estúdio do grupo que hoje conta com CarneOsso, Entropia e Marian Sarine, Fala (2024, MambaRec) não poderia ser diferente. Da urgência das batidas à construção dos versos, tudo parece encaixado de forma a evidenciar a potência do coletivo.
Sequência ao material entregue no introdutório Pedra Preta (2018), Fala demonstra toda sua grandeza logo nos minutos iniciais do trabalho, em A Tua Onda. Enquanto as batidas simplesmente partem para cima do ouvinte, evidenciando a postura punk do grupo, versos discutem diferentes formas de violência em uma abordagem tão dançante quanto perturbadora. É como um ensaio para o que se articula de maneira ainda mais interessante na política faixa-título, canção que se engrandece pelas rimas da rapper gaúcha Saskia.
Com o ouvinte prontamente arrebatado pela sequência de abertura do disco, CarneOsso e seus parceiros começam a jogar com as possibilidades a cada nova composição. Exemplo disso fica mais do que evidente com a chegada de Para Sempre Vou Te Amar. São pouco mais de quatro minutos em que o grupo estreita laços com o pop, porém de um jeito totalmente distorcido e que ainda se completa pelo saxofone de Thiago França. O mesmo acontece na faixa seguinte, A Cor do Inimigo, caprichada composição que vai do trip-hop à teatralidade da MPB, evidenciando a completa versatilidade que orienta o trabalho da Tato Preto em Fala.
É como se cada composição levasse o ouvinte para um novo território criativo, o que não necessariamente faz de Fala um trabalho confuso. A própria sequência composta por Give Me My Money e Queda Pro Alto funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco mais de nove minutos em que o grupo paulistano vai do dance punk a acid house com uma naturalidade única, destacando a fluidez das batidas, sintetizadores e versos que parecem pensados para grudar na cabeça do ouvinte já na primeira audição.
Claro que nem tudo parece funcionar da mesma maneira. É o caso de Sem Vergonha, sétima faixa do disco. Completa pela presença do cantor e compositor piauiense Getúlio Abelha, a canção que navega pelo brega destaca a riqueza de ideias e sempre meticuloso processo de produção que envolve o material, porém soa de maneira deslocada e quase caricatural, anulando por completo a identidade criativa do grupo paulista. Nada que a já conhecida Te Colocar no Teu Lugar, entregue logo em sequência, não dê conta de solucionar.
Marcada pelo diálogo com a música latina, a colaboração com Jup do Bairro amplia os horizontes da Teto Preto, contudo estabelece na ferocidade dos versos uma série de elementos bastante identitários do grupo. Acompanhada de um remix assinado por Clementaum e RKills, a canção pontua o trabalho com a mesma urgência explícita nos minutos iniciais. É como uma delirante combinação de estilos, diferentes parceiros criativos, temáticas e ritmos por vezes conflitantes, mas que em nenhum momento tendem ao conforto.
Atualização: esta crítica foi escrita com uma ordem específica das canções conforme a primeira versão do álbum nas plataformas de streaming. Após a publicação do texto, a ordem das faixas foi alterada para o que a banda esclareceu como a sequência correta do material.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.