Ano: 2024
Selo: Dead Oceans
Gênero: Pop Rock, Trap
Para quem gosta de: Porches e Homeshake
Ouça: Tuesday, Hollywood e Heaven
Ano: 2024
Selo: Dead Oceans
Gênero: Pop Rock, Trap
Para quem gosta de: Porches e Homeshake
Ouça: Tuesday, Hollywood e Heaven
Uma das coisas mais fascinantes do trabalho de Toro Y Moi sempre foi a maneira como Chaz Bear, livre de qualquer apego, se permitiu transitar pelos mais variados estilos. Se em Outer Peace (2019) era a produção eletrônica que parecia orientar as canções do norte-americano, com o registro seguinte, Mahal (2022), foi a vez da música psicodélica ganhar maior espaço. Contudo, mesmo essa pluralidade de gêneros e diferentes propostas criativas é incapaz de justificar aquilo que o artista apresenta em Hole Erth (2024, Dead Oceans).
Oitavo e mais recente trabalho de estúdio de Toro Y Moi, Hole Erth é uma verdadeira confusão. Fortemente orientado ao trap, efeito direto das vozes marcadas pelo auto-tune, batidas e bases que se projetam em uma abordagem quase caricata, Bear busca se aprofundar em aspectos da própria adolescência nos anos 2000, porém tropeça ao investir em um repertório que atira para todas as direções e não acerta em nenhuma. É como um estranho cruzamento de ideias, ritmos e estéticas que fazem sentido apenas na cabeça do artista.
“Dias de Blackberry, eu falava com qualquer um / Estava sempre atrasado, eu nunca conseguia responder”, rima em CD-R, música em que tenta estreitar laços com o ouvinte por meio da nostalgia, entretanto colapsa pelo excesso de informações e cenas descritivas que dizem respeito apenas ao cantor. São composições que, na maioria das vezes, excluem completamente o público da equação, rompendo com a universalidade do discurso tão característica em outros álbuns que buscam no passado sua principal fonte de inspiração.
A própria base instrumental do registro, sempre marcada pelo constante atravessamento de informações e diferentes parceiros criativos, torna tudo ainda mais confuso. Exemplo disso é o que acontece em Reseda. São pouco mais de dois minutos em que Bear combina guitarras que emulam o som do Weezer, camadas de sintetizadores e batidas inexatas com um misto de canto e rima de Duckwrth e Elijah Kessler. O próprio encontro com Don Toliver e Porches, em Undercurrent, é outra que peca pelo uso excessivo de elementos.
Não por acaso, ao se distanciar desse resultado caótico, Bear garante ao público algumas das melhores e mais tocantes faixas do disco. É o caso da equilibrada Hollywood, parceria com Ben Gibbard em que, pela primeira vez, conduz o ouvinte em direção aos anos 2000, recriando a mesma atmosfera dos trabalhos do Death Cab For Cutie. Outra que chama a atenção é Heaven, encontro com Kevin Abstract que avança aos poucos, sem pressa, e ainda usa trechos de Anthems for a Seventeen Year‐Old Girl, do Broken Social Scene.
Mesmo quando utiliza de uma abordagem expansiva, como em Tuesday, Bear acerta justamente ao reduzir o volume de informações, tornando a assimilação e interesse pela faixa muito mais imediato. São momentos de sobriedade que destacam o domínio criativo do músico norte-americano, mas que acabam se perdendo frente aos excessos do disco, conceito que se reflete até os minutos finais, no misto de drum and bass, pop atmosférico e R&B de Starlink, canção que pontua e sintetiza o caos proposto por Toro Y Moi em Hole Erth.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.