Ano: 2025
Selo: International Anthem
Gênero: Pós-Rock
Para quem gosta de: Mogwai e The Sea and Cake
Ouça: Oganesson, Axial Seamount e Layered Presence
Ano: 2025
Selo: International Anthem
Gênero: Pós-Rock
Para quem gosta de: Mogwai e The Sea and Cake
Ouça: Oganesson, Axial Seamount e Layered Presence
Poucas vezes antes o som do Tortoise pareceu tão imediato quanto em Touch (2025, International Anthem). Do momento em que tem início, em Vexations, fica bastante evidente o esforço do quinteto de Chicago em apresentar todos os componentes de forma direta, rompendo com o caráter contemplativo que orientou a atuação da banda na década de 1990. A própria Layered Presence, vinda em sequência, torna isso ainda mais explícito, entrelaçando incontáveis camadas de sintetizadores, guitarras e batidas sempre destacadas.
Claro que isso não interfere na entrega de composições como a atmosférica Works and Days. Com um pé na música eletrônica, a canção traz de volta a essência de obras como TNT (1998), detalhando o sempre meticuloso processo de criação do grupo que hoje conta com Doug McCombs, Jeff Parker, John Herndon, Dan Bitney e John McEntire. Esse mesmo direcionamento sintético, porém, partindo de uma abordagem urgente, se reflete em Elka, faixa que lembra as parcerias de McEntire e Sam Prekop em Sons Of (2022).
Passado esse momento de maior fluidez, Promenade à Deux volta a desacelerar, destacando o minimalismo do quinteto em estúdio. Nada que Axial Seamount não dê conta de corromper completamente. Da inserção das guitarras, passando pela bateria marcada e acréscimo dos sintetizadores, tudo soa como uma confissão das principais referências do Tortoise, fortemente influenciado pelo krautrock de artistas como Neu! e Can.
Com a chegada de A Title Comes, o Tortoise volta a investir em uma proposta reducionista, porém esbarra em uma canção profundamente formulaica, repetindo temas e estruturas que vêm sendo exploradas pelo quinteto desde o início da carreira. Essa mesma sensação de repetição acaba se refletindo na emergencial Rated OG. Com quase dois minutos de duração, a faixa soa mais como um interlúdio genérico do que uma composição completa. Um exercício pouco inspirado, mas que abre passagem para a complexa Oganesson.
Primeira música do disco a ser revelada ao público, em abril deste ano, a faixa concentra o que há de mais característico no repertório da banda, porém livre de possíveis repetições. São pouco mais de três minutos em que a produção eletrônica de McEntire se encontra com as guitarras jazzísticas de Parker. Um precioso exercício criativo que destaca a capacidade do Tortoise em jogar com os instantes, hipnotizando o ouvinte.
Escolhida para o encerramento do disco, Night Gang cumpre com naturalidade essa função. Entre ecos de Ennio Morricone, a faixa concede ao trabalho um fechamento quase cinematográfico. A própria inserção dos instrumentos se dá de forma linear, rompendo com o experimentalismo explícito no restante da obra. Uma saída elegante que reafirma a vitalidade inquieta do Tortoise mesmo nos momentos mais moderados.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.