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Crítica

Tyler, The Creator

: "Chromakopia"

Ano: 2024

Selo: Columbia

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Frank Ocean e Kendrick Lamar

Ouça: Noid, Thought I Was Dead e Darling, I

8.5
8.5

Tyler, The Creator: “Chromakopia”

Ano: 2024

Selo: Columbia

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Frank Ocean e Kendrick Lamar

Ouça: Noid, Thought I Was Dead e Darling, I

/ Por: Cleber Facchi 04/11/2024

Há muito acompanhar o trabalho de Tyler, The Creator deixou de ser uma simples experiência de escuta para se transformar em um verdadeiro evento. Para além do repertório entregue a cada novo registro de estúdio, o rapper norte-americano tem se especializado na produção de obras cada vez mais complexas e abrangentes, conceito que vai da direção de arte à concepção do figurino, da escolha dos colaboradores à seleção das temáticas, direcionamento que ganha nova interpretação em Chromakopia (2024, Columbia).

Oitavo e mais recente trabalho de estúdio do rapper, o sucessor de Call Me If You Get Lost (2021) mostra Tyler em sua melhor forma. Do momento em que tem início, em St. Chroma, preciosa colaboração com o cantor Daniel Caesar, tudo se projeta de maneira totalmente grandiosa. São composições que resgatam o estilo de produção monumental adotado por Kanye West nos anos 2000, porém, preservando a identidade criativa e lirismo cada vez mais elaborado do artista que agora reflete sobre as mudanças na vida adulta.

Inicialmente pensado como uma homenagem à região metropolitana de Los Angeles, onde Tyler cresceu, Chromakopia foi aos poucos se transformando em estúdio, com o rapper se voltando para questões cada vez mais pessoais. A própria presença de Bonita Smith, mãe do artista, como narradora do trabalho torna tudo ainda mais interessante, evidenciando uma vulnerabilidade poucas vezes antes percebida em outros registros do norte-americano. Canções de essência agridoce que destacam a completa riqueza do material.

Exemplo disso é o que acontece em Like Him, delicada colaboração com Lola Young em que reflete sobre a ausência do próprio pai. “Mamãe, estou perseguindo um fantasma / Eu não sei quem ele é”, rima. É como se o rapper, pela primeira vez em mais uma década de carreira, se revelasse por completo para o ouvinte. A própria Take Your Mask Off, também em parceria com Caesar e LaToiya Williams, funciona como uma boa representação desse resultado. “Espero que você se encontre / Espero que você tire sua máscara”, reflete.

Enquanto os versos destacam a vulnerabilidade do artista, batidas e arranjos ampliam consideravelmente o campo de atuação de Tyler. Em Noid, por exemplo, são guitarras que apontam diretamente para a década de 1970, efeito direto do uso de trechos de Nizakupanga Ngzo, do grupo Ngozi Family. Já em Tomorrow, são elementos de música brasileira e retalhos da obra de Rosinha De Valencia, efeito direto da interferência do guitarrista Pedro Martins, também colaborador em diferentes faixas ao longo do disco. Nada que diminua a presença de composições ainda íntimas dos últimos trabalhos do rapper, como Balloon, Darling, I e Sticky.

Mesmo os convidados que surgem ao longo do registro parecem incorporados de forma a potencializar o trabalho do rapper, vide o encontro com ScHoolboy Q e Santigold na crescente Thought I Was Dead. São incontáveis atravessamentos de informações e propostas criativas que vez ou outra tendem ao exagero, como na desconexa Judge Judy, junto de Childish Gambino, mas que em nenhum momento diminuem a capacidade do artista em surpreender pela imprevisibilidade, conceito que se reflete até os minutos finais.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.