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Crítica

Tyler, The Creator

: "Don’t Tap The Glass"

Ano: 2025

Selo: Columbia

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Frank Ocean e Steve Lacy

Ouça: Stop Playing With Me e I'll Take Care of You

7.8
7.8

Tyler The Creator: “Don’t Tap The Glass”

Ano: 2025

Selo: Columbia

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Frank Ocean e Steve Lacy

Ouça: Stop Playing With Me e I'll Take Care of You

/ Por: Cleber Facchi 30/07/2025

Se em Chromakopia (2024) Tyler, The Creator investiu em um registro marcado pela vulnerabilidade dos temas, com Don’t Tap The Glass (2025, Columbia), o rapper norte-americano segue o caminho oposto. São dez composições que destacam o lado acessível do artista, direcionamento que se reflete não apenas na construção das rimas, mas na elaboração das batidas, samples e bases que convidam o ouvinte a dançar.

Número um: movimento corporal (funkeado) / Nada de ficar parado (dance, mano)”, dispara o artista logo nos minutos iniciais da obra, em Big Poe, uma parceria com Pharrell Williams que não apenas apresenta as regras do trabalho, como destaca a atmosfera dançante do registro. Do trecho de Roked, de Shye Ben Tzur e Jonny Greenwood, passando pelo encaixe dos sintetizadores, tudo conduz o ouvinte em direção às pistas.

É como se o rapper trouxesse de volta a musicalidade explícita em trabalhos como Cherry Bomb (2015) e Igor (2019), porém, partindo de uma abordagem ainda mais direta. Exemplo disso pode ser percebido em Ring Ring Ring, composição repleta de acenos para o pop de Michael Jackson e outros nomes da década de 1980. Mesmo quando potencializa as rimas, como em Stop Playing With Me, o caráter dançante prevalece.

Claro que isso não interfere na entrega de faixas marcadas pela suavidade dos elementos. É o caso de I’ll Take Care of You, parceria com Yebba que expõe o lado emocional no artista e leva o trabalho para outras direções. O próprio encontro com Madison McFerrin, em Don’t You Worry Baby, surge como outro exemplo da fragilidade sentimental que vez ou outra aflora no interior do registro, destacando a entrega do rapper.

Partindo dessa abordagem, Don’t Tap The Glass se revela ao público uma obra essencialmente equilibrada. Instantes em que o rapper destaca o aspecto dançante das faixas, confessa sentimentos e ainda trata sobre o incômodo da vigilância constante e da objetificação do artista pelo próprio público. Um vasto catálogo de informações, mas que em nenhum momento perde o acabamento descomplicado que embala as canções.

Ainda que não apresenta nada de excepcionalmente novo à obra do artista, Don’t Tap The Glass funciona como um exercício de estilo que valoriza o prazer imediato. Livre de grandes rupturas, o disco encontra no carisma do rapper e na leveza dos arranjos os elementos necessários para manter o ouvinte entretido do primeiro ao último minuto. Um disco que diverte e mostra Tyler no controle absoluto da própria linguagem.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.