Ano: 2025
Selo: Ghostly International
Gênero: Eletrônica, Música Ambiente
Para quem gosta de: Aphex Twin e Huerco S.
Ouça: 12°C, 20°C e 11°C (Intermittent Rain)
Ano: 2025
Selo: Ghostly International
Gênero: Eletrônica, Música Ambiente
Para quem gosta de: Aphex Twin e Huerco S.
Ouça: 12°C, 20°C e 11°C (Intermittent Rain)
Há três anos, quando deu vida ao primeiro álbum de estúdio como Whatever The Weather, Loraine James encontrou no uso de ambientações frias a passagem para um delicado território criativo. Com a chegada do segundo e mais recente capítulo do projeto, Whatever The Weather II (2025, Ghostly International), as temperaturas ainda continuam baixas, mas a riqueza de detalhes e ideias da artista claramente se elevam.
Assim como no lançamento anterior, James mantém firme o caráter exploratório das próprias composições. São delicadas camadas instrumentais, texturas e ambientações macias que ganham forma em uma medida particular de tempo, como uma extensão contemplativa daquilo que a produtora tem explorado nos discos que levam seu nome, entre eles, Building Something Beautiful For Me (2022) e Gentle Confrontation (2023).
Apesar do claro interesse em brincar com as possibilidades, durante toda a execução do álbum é possível encontrar percursos sonoros bastante evidentes. Em geral, são composições que detalham o lado melódico de James, como em 5ºC e 8ºC. Instantes em que a artista parece se aventurar pelo mesmo território criativo de nomes como Kaitlyn Aurelia Smith, porém, preservando com notável delicadeza a própria identidade.
Outro elemento bastante característico do repertório de Whatever The Weather II diz respeito ao uso das captações de campo. Exemplo disso é o que acontece em 20º. São pouco mais de seis minutos em que a artista detalha o que parece ser o encontro de um grupo de amigos, palmas, o barulho de carros passando ao fundo e até a vibração de um telefone celular. Nada que pareça diminuir a beleza das batidas e bases.
Vem justamente desse esforço em criar pequenos atritos dentro desse ambiente de calmaria a passagem para algumas das melhores composições do disco. É o caso de 11°C (Intermittent Rain), com seus ruídos e frequências desconfortáveis que lembram o trabalho Aphex Twin em …I Care Because You Do (1995). A própria música de encerramento, 12°C, é outra que chama a atenção pela forma como tensiona o ouvinte.
Independente da direção percorrida, fascinante perceber a pluralidade de ideias e capacidade de James em produzir tanto com tão pouco. Da mesma forma que no disco anterior, a produtora inglesa parte de uma proposta reducionista para garantir ao público uma obra marcada pelos detalhes. Um meticuloso exercício criativo em que, tão importante quanto saber o que revelar, é compreender o que deve permanecer oculto.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.