Ano: 2025
Selo: Psychic Hotline
Gênero: Experimental, Música Ambiente
Para quem gosta de: Tim Hecker e Fennesz
Ouça: Concern e Howling at the Second Moon
Ano: 2025
Selo: Psychic Hotline
Gênero: Experimental, Música Ambiente
Para quem gosta de: Tim Hecker e Fennesz
Ouça: Concern e Howling at the Second Moon
Time Indefinite (2025, Psychic Hotline) é um trabalho diferente de tudo aquilo que William Tyler já havia apresentado anteriormente. Concebido durante o período pandêmico, quando a ausência de certeza era a única garantia do violonista estadunidense, o álbum, inicialmente idealizado em colaboração com Kieran Hebden (Four Tet), porém finalizado junto de Jake Davis e Alex Somers, substitui a limpidez pelos ruídos.
Se durante mais de 15 anos, quando passou a se dedicar aos trabalhos em carreira solo, Tyler posicionou violões e guitarras em primeiro plano, prezando sempre pela nitidez das captações, aqui o direcionamento é outro. Como indicado logo na introdutória Cabin Six, o instrumentista se aprofunda nas texturas, ruídos e estranhas captações de campo registradas aleatoriamente tanto em fitas cassete, como pelo próprio celular.
É como se Tyler transportasse para dentro de estúdio fragmentos das experiências acumuladas durante o período de isolamento social. O próprio título do álbum, “tempo indefinido”, em português, funciona como um reforço dessa aleatoriedade e confusa temporalidade que vivemos no decorrer da pandemia de Covid-19. Um exercício propositadamente impreciso, mas que potencializa seus raros momentos de maior leveza.
Ainda que atravessado pelos ruídos e distorções de faixas como A Dream, A Flood, Time Indefinite jamais oculta a inserção das guitarras, violões e ambientações paisagísticas que revelaram o músico no início da década passada. A própria Concern, posicionada logo nos primeiros minutos do disco, funciona como uma doce representação desse resultado, contrastando com a densa massa de sons ruidosos que a antecedem.
Sobrevive justamente no encontro entre esses dois extremos da obra, o estímulo para algumas das canções mais sensíveis do trabalho. Em Howling at the Second Moon, por exemplo, perceba como o delicado violão de Tyler é constantemente acompanhado pelo uso de ambientações e texturas sujas que ampliam os limites da canção. Nada que prejudique a entrega de faixas puramente serenas, como a atmosférica Anima Hotel.
Naturalmente, por se tratar de um exercício de experimentação desenvolvido por um músico que, durante anos, esteve imerso em um mesmo território criativo, Time Indefinite tem seus defeitos. A própria ausência de ritmo na segunda metade do disco e forte similaridade entre as canções serenas tornam isso explícito. Entretanto, é ao abraçar a imperfeição que Tyler transforma o caos vivido durante a pandemia em arte.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.