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Crítica

Yumi Zouma

: "Present Tense"

Ano: 2022

Selo: Polyvinyl

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: TOPS e Hazel English

Ouça: Mona Lisa e Give It Hell

7.5
7.5

Yumi Zouma: “Present Tense”

Ano: 2022

Selo: Polyvinyl

Gênero: Indie Pop, Pop Rock

Para quem gosta de: TOPS e Hazel English

Ouça: Mona Lisa e Give It Hell

/ Por: Cleber Facchi 04/04/2022

Perto de completar dez anos de carreira, os integrantes do Yumi Zouma parecem ter se especializado na produção de músicas deliciosamente acessíveis e cantaroláveis, feitas para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição. E isso fica bastante evidente nas composições de Present Tense (2022, Polyvinyl). Sequência ao material entregue em Truth Or Consequences (2020), obra que acabou esquecida por conta do avanço da pandemia de Covid-19, o novo álbum concentra o que há de melhor e mais característico no som que tem sido incorporado pelo quarteto original de Christchurch, Nova Zelândia.

Marcado pela força dos sentimentos, Present Tense encanta pelo equilíbrio da banda, hoje formada por Christie Simpson, Olivia Campion, Charlie Ryder e Josh Burgess, em alternar entre versos melancólicos e arranjos ensolarados. É como um regresso ao mesmo território criativo dos introdutórios Yoncalla (2016) e Willowbank (2017), porém, utilizando de uma abordagem ainda mais detalhista. Canções que partem de uma base econômica, por vezes reducionista em excesso, mas que parecem maiores e mais complexas a cada nova audição, conceito que vai de Give It Hell, na abertura do disco, à derradeira Astral Projection.

Perfeita representação desse resultado acontece em Mona Lisa. Inaugurada em meio a harmonias de vozes que parecem saídas de algum disco do Haim, a composição ganha novas tonalidades a cada movimento do grupo. São camadas de guitarras, batidas cuidadosamente encaixadas, sintetizadores e metais que apontam para a década de 1980, porém, preservando o frescor que parece típico do quarteto. O mesmo direcionamento estético volta a se repetir minutos à frente, em If I Had The Heart For Chasing. Um misto de passado e presente que encanta pelo refinamento dado aos arranjos e evidente entrega de Simpson.

Embora repleto de bons momentos, não há como ignorar o fato de que muitas das composições em Present Tense utilizam de uma interpretação bastante similar. São reverberações nostálgicas que pouco avançam quando próximas dos últimos trabalhos apresentados pela banda. Claro que isso não interfere na produção de faixas que momentaneamente rompem com essa estrutura. Exemplo disso acontece em Razorblade, música que parte de uma base reducionista, mas que chama a atenção pela potência das guitarras que invadem os minutos finais da canção, transportando o álbum para um novo e inusitado território criativo.

Essa busca por novas possibilidades, porém, partindo de uma abordagem diferente, acaba se refletindo em Haunt. Próxima ao encerramento do disco, a faixa preserva e perverte parte dos elementos relacionados ao grupo, como o uso dos sintetizadores e batidas, agora incorporados de maneira torta, lembrando as criações de Rostam Batmanglij. O mesmo acontece na já citada Astral Projection, composição que incorpora a estética dos anos 1980 de forma soturna. São variações sutis que distanciam o trabalho de um resultado previsível, indicativo do completo domínio e busca do quarteto em ampliar a própria obra.

Independente do caminho percorrido ao longo do trabalho, prevalece em Present Tense o esforço do grupo em seduzir por meio da simplificação dos elementos. São canções como Where The Light Used To Lay e In The Eyes Of Our Love que encantam pela leveza dada aos arranjos e uso de versos confessionais. Um delicado exercício criativo que não apenas preserva uma série de elementos bastante característicos do quarteto, como potencializa tudo aquilo que a banda tem produzido desde os primeiros registros autorais. Composições que tratam de sentimentos, dores e realizações de forma a estreitar a relação com o ouvinte.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.