5 Discos

/ Por: Cleber Facchi 29/09/2011

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Após a boa repercussão do nosso último especial 5 Discos Para Se Ouvir Fazendo Amor, resolvemos repetir a dose e selecionar mais cinco discos que devem fazer sua noite esquentar. Assim como na última sessão separamos cinco trabalhos já “testados” pela equipe aqui do blog em nossos momentos de maior intimidade, além, é claro, o acréscimo de alguns álbuns indicados pelos leitores nos comentários do antigo post. Caso sintam que ainda falta algum disco deixem suas próprias listas nos comentários para montarmos uma terceira edição do especial. Agora chega de enrolar e vamos dar mais uma?

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John Coltrane
Blue Train (1957, Blue Note Records)

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Vai passar a noite com seu parceiro ou sua parceira? Um jantar à luz de velas com direito a algo mais posteriormente? Então você só precisa de Blue Train e nada mais. Considerado como uma das grandes obras do jazzísta John Coltrane, o álbum é praticamente uma preparação ao sexo. Começa mais agitado através da homônima faixa de abertura (como se funcionasse para quebrar o gelo entre os parceiros), vai aos poucos diminuindo seu ritmo em Moment’s Notice, aumentando o toque climático com Locomotion até alcançar seu ápice com a sedutora I’m Old Fashioned. Enquanto destila seu saxofone de maneira envolvente, erótica e levemente romântica, Coltrane deixa que uma bateria suavizada e uma doce harmonia de pianos aos poucos preencham as pequenas lacunas da composição, criando o ambiente perfeito para você tomar a iniciativa. Depois de descobertas todas as formas e texturas da pessoa amada, o ritmo volta a subir, com Lazy Bird já te preparando para mais uma.

Afghan Whigs
1965 (1998, Columbia)

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Em 1998 o rock alternativo já não tinha metade do poder que havia conquistado em idos daquela década. As fórmulas musicais desgastadas estavam por todos os lados, com ninguém lançando nada realmente novo há um bom tempo. Foi então que Greg Dulli, vocalista e líder do Afghan Whigs resolveu inverter essa situação. Casando algumas doses de grunge com soul music o cantor deu vida a um dos trabalhos mais voluptuosos que já passaram pelo rock: 1965. Não poupando no uso das guitarras e investindo ativamente no uso de melodias harmônicas e vocais bem conduzidos, o músico e sua banda foram aos poucos traçando um conjunto de 11 composições carregadas de sensualidade, erotismo e um fino toque de melancolia. Fazendo uso de letras sempre ousadas e feitas para atiçar os hormônios dos ouvintes, o disco vai lentamente se derretendo, embriagando o espectador com sua sexualidade aflorada. 1965 é provavelmente o melhor resultado do que aconteceria se Barry White resolvesse se entregar ao rock.

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Massive Attack
Blue Lines (1991, Virgin)

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Enquanto Robert Del Naja (“3D”) e Grant Marshall (“Daddy G”) vão aos poucos construindo toda a trama instrumental que toma conta do envolvente Blue Lines, um time formado por Tricky, Shara Nelson e Horace Andy vão aos poucos emprestando seus vocais para aumentar ainda mais o já intenso trabalho. As batidas sincopadas, os scratches, doses moderadas de dub, soul e hip-hop vão pouco à pouco se acumulando no interior do trabalho, resultando em um jogo de nove composições capazes de esbanjar sensualidade, gemidos e suspiros. Lançado há exatos 20 anos, o disco serviu como a estrutura de base para todos os seguintes lançamentos voltados ao Trip-Hop, se mantendo – mesmo após duas décadas – dono de uma unidade instrumental tão atual quanto na época de seu lançamento. Suave, o trabalho parece aos poucos ditar as regras para todos os movimentos elaborados pelo casal, como se cada beat ou scratch fosse a deixa para um explorar mais aprofundado do corpo.

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Hercules and Love Affair
Hercules and Love Affair (2008, DFA Records)

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As batidas acalentadas, o naipe de metais, o jogo de vocais aveludados que escapam de Antony Hegarty, os pianos e teclados posicionados de maneira sempre envolvente e decidida, tudo dentro do primeiro álbum do Hercules and Love Affair cheira e soa a sexo. Da faixa de abertura, Time Will, com sua formatação climática, passando pela sonoridade repleta de suingue de Athene, o hit Blind ao fecho caloroso de True False, Fake Real, cada mínimo ruído dentro do registro parece cuidadosamente arquitetado para enfeitiçar, esquentar e preparar o espectador para seus momentos de amor. Além do surpreendente entalhe musical que formaliza o álbum, a maneira lasciva como os vocais são posicionados gradativamente passam a circundar o ouvinte, como se no meio do ato sexual um vasto número de espectadores se fizesse presente, resultando em uma espécie de grande voyerismo musical.

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The Weeknd
House Of Balloons (2011, Self Released)

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Como um desconhecido dotado de boa lábia e que sem muito esforço acaba te levando para a cama,  Abel Tesfaye fez com que todos aqueles que se aventurassem por suas bem delineadas melodias acabassem quase imediatamente seduzidos por ele. Quebrando o repetitivo R&B em diversos pedaços e depois reagrupando tudo em uma linguagem totalmente renovada (e sexy), o produtor canadense vai aos poucos hipnotizando o espectador com suas batidas carregadas por uma tonalidade completamente envolvente, abafada e sensual. Entre letras que também falam sobre sexo e (principalmente) drogas, Tesfaye nos presenteia com um catálogo de nove verdadeiros orgasmos musicados, faixas como a sombria e delicada What You Need, The Morning para seu momento de amor matinal, Wicked Games para seus “jogos pervertidos” ou ainda Coming Down para quem gosta de fazer as coisas de forma mais calma, porém não menos envolvente. The Weeknd monta a trilha e prepara o clima, o resto é com você.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.