Disco: “Nice Trash”, Jeans Wilder

/ Por: Cleber Facchi 22/01/2011

Jeans Wilder
Lo-Fi/Experimental/Tropical
http://www.myspace.com/hereliesjeanswilder

Agora é sério: a modinha de bandas inspiradas no surf rock, suas gravações caseiras e seus músicos chatos precisam morrer. Certo que em 2010 foram essas mesmas bandas que presentearam o público com os melhores e mais criativos lançamentos do ano, mas a ressaca que veio depois deles é insuportável. Wavves, Best Coast, Surfer Blood, The Drums, boa parte dos artistas da Chillwave e alguns como Real Estate (esses ainda de 2009) são todos donos de trabalhos realmente inspirados, algo que de fato valeu à pena ser ouvido. Mas o resto, a sobra, a cópia desses mesmos grupos são simplesmente inaudíveis.

Uma porção absurda de grupos que ou pendem para um lado mais enérgico-punk-dançante-de praia ou se voltam para algo dream pop-instrospectivo-experimental-quero-me-matar. Apenas a cópia, da cópia, da cópia, da cópia. E o mais novo “artista inovador” desse estilo é o californiano (mais um) Jeans Wilder que lança seu também “inovador” disco de estreia “Nice Trash” (2010), um álbum que humildemente já se traduz logo em seu título.

Wilder é como define em seu próprio perfil no Facebook: um cara normal, que gosta de assistir Lost, Seinfeld e Twin Peaks, ouve Best Coast (ohh!), Lauryn Hill, Washed Out, Gossip, The Knife e Panda Bear, mas que não se resumiu a ser um mero espectador e resolveu criar, apresentar ao mundo suas composições, sua criatividade. Wilder é um cara que deve ter ouvido o álbum Person Pitch (2007) do Panda Bear e pensado: “preciso fazer algo idêntico”. Porém, por ser um cara praieiro o músico deve ter pensado “preciso fazer algo idêntico, mas voltado para um lado mais ‘surf’ da coisa”. E é seguindo essa linha de pensamento que ele solta seu trabalho de estreia em sua página no Bandcamp ao custo de dez dólares. Mas sabe quanto o álbum deveria custar na realidade? Nada!

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=xqA3ypjpTOk]

“Nice Trash” é um disco falho e pretensioso ao extremo. Não adianta nem argumentar que é um disco “vanguardista” ou “além de seu tempo”, pois ele não é. O trabalho de Wilder é ausente de inspiração, ausente de uma boa instrumentação e chato. E não é apenas “porque não passa na TV” que ele é um trabalho ruim. O próprio Person Pitch é um trabalho completamente experimental e hermético, mas que ainda assim belíssimo pela maneira como seu criador sabe lidar com as melodias quebradas, as colagens de sons e como consegue se aproximar do ouvinte por meio de uma instrumentação excêntrica.

Porém, o trabalho de Jeans Wilder tem uma propriedade quase única. Algo que raros artistas conseguem desenvolver. O músico consegue te fazer dormir em uma velocidade tão rápida que é possível até contestar se não há algum produto químico ou remédio em suas composições. Wilder deveria fazer algo para si e para a música: ficar em casa, assistindo suas séries favoritas, ouvindo as bandas que tanto ama e atualizando seu perfil no Facebook, por favor, não gaste mais seu tempo lançando “trabalhos” como este.

“Nice Trash” (2010)

Nota: 1.0
Para quem gosta de: Dormir, tédio e insolação
Ouça: Be My Shade e durma

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.