Ano: 2025
Selo: Mac’s Record Label
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Alex G e King Krule
Ouça: Nightmare, Holy e Rock And Roll
Ano: 2025
Selo: Mac’s Record Label
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Alex G e King Krule
Ouça: Nightmare, Holy e Rock And Roll
A imagem de Mac DeMarco, acompanhado de um cachorro e sua guitarra, diz muito sobre a atmosfera que o cantor e compositor canadense busca desenvolver no sexto e mais recente álbum de estúdio da carreira, Guitar (2025, Mac’s Record Label). De acabamento minimalista, o disco segue a trilha apontada pelo músico em This Old Dog (2017), entretanto chama a atenção do ouvinte pelo amadurecimento explícito nos versos.
Na contramão do repertório apresentado nos primeiros registros autorais, sempre centrados em aventuras noturnas, excessos, mulheres e cigarros, DeMarco, hoje com 35 anos, amplia o próprio campo de atuação em estúdio, explorando novos horizontes temáticos. São composições que tratam sobre redenção, buscam por acolhimento e a libertação de velhos vícios sem necessariamente recorrer ao sentimentalismo barato.
Quarta canção do disco, Nightmare sintetiza isso de forma bastante sensível. “Quem pensou que ela ainda estaria por perto? / Mas ela ainda está ali”, canta DeMarco em uma delicada reflexão sobre as dificuldades emocionais e a relação estável com a parceira Kiera McNally, com quem mantém um relacionamento há 15 anos. É como um mergulho atento na mente, alegrias e inquietações que atravessam o músico canadense.
Em Home, por exemplo, são versos que confrontam arrependimentos do passado e fantasmas emocionais com uma vulnerabilidade poucas vezes antes percebida na obra do artista. Já em Holy, DeMarco segue o caminho oposto, mergulhando em uma composição que trata sobre fé e reparação, conceito reforçado pelo músico canadense em outras canções no decorrer do trabalho, como Sweeter e a reducionista Punishment.
Apesar do incontestável amadurecimento poético, Guitar peca pelo acabamento instrumental limitado, com DeMarco repetindo vícios estilísticos e estruturas testadas em obras como Here Comes the Cowboy (2019) e Five Easy Hot Dogs (2023). Com exceção de Rock And Roll, com seu solo improvisado, raríssimos são os momentos em que o músico se permite arriscar criativamente em estúdio, reduzindo o alcance do material.
Entretanto, é na força das palavras que reside a grandeza de Guitar. Do lirismo confessional de Nothing at All, passando pelo diálogo com o próprio passado em Phantom, poucas vezes antes o artista pareceu tão exposto quanto no presente disco. Ainda que falte ao álbum o mesmo acabamento instrumental explícito em obras como Salad Days (2014), DeMarco supre qualquer carência pela entrega e força dos sentimentos.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.