Disco: “Ooo Kokomo”, Lay Bac

/ Por: Cleber Facchi 04/02/2011

Lay Bac
Chillwave/Lo-Fi/Tropical
http://www.myspace.com/pidgeot

Ao que tudo indica a modinha Chillwave está longe de chegar ao fim, o efeito que deveria durar até o verão norte-americano do ano passado pelo visto segue firme, forte e sem previsão de término. Porém convenhamos, se todos os discos seguirem o mesmo entusiasmo de Lay Bac em seu trabalho de estreia até que não teremos uma pilha de lançamentos tão ruins assim. Enquanto um número alarmante de artistas lança a cada dia um amontoado de faixas maçantes por meio de seus discos enfadonhos, Ooo Kokomo (2011) chega de maneira singela, entretanto livre das repetições que tanto afetam músicos desse estilo.

O projeto que já chegou a se chamar Pidgeot e De Rol Le é fruto das produções de Joseph Calamusa, um fissurado por música eletrônica e gravações caseiras que reside no Texas. Se o produtor sente-se abafado pelo clima desértico que circunda a cidade de Austin, onde faz sua morada, cada uma de suas composições surge como uma espécie de contra-resposta a isso. As faixas aproximam o ouvinte de um clima praieiro através das colagens sonoras abertas e recheadas por pequenas doses de música pop.

O álbum é incontestavelmente curto, são dez faixas que geram um total de 23 minutos de sonorização. Talvez o acerto do disco venha disso, livre de excessos Calamusa pode dissolver melhor suas programações e trabalhar na formação detalhada de cada uma das dez pérolas que dão forma ao álbum. Ooo Kokomo acaba soando como um disco de “Dream Pop Tropical”, já que as camadas de som que vão rodeando as canções não vêm tão espessas, permitindo que pequenos arranjos enérgicos possam ser acrescentados.

Entretanto a estreia com Lay Bac não vem repleta apenas de faixas festivas feitas como trilha sonora para um dia de praia. Cub Ritual pode até ser voltada para um passeio pela orla, contudo em um dia de chuva. A frieza da composição revela o lado mais hermético do produtor que se apega a ondas de distorção como forma de movimentar algumas de suas canções. O mesmo vale para Everythings Related em uma sonoridade quase voltada para o Drone.

Mas é com o lado comemorativo e alegre do álbum que o produtor texano alcança seus melhores momentos. A começar com Beach Cassette Jam uma faixa curtinha, com menos de dois minutos, mas que transporta com eficiência o ouvinte para dentro de uma sonoridade dançante com o uso de uma gravação caseira em looping. Em Wind Surfer Cross Calamusa transita por um terreno muito próximo do explorado pelo Washed Out no Life of Leisure EP, isso por conta da composição climática dada à faixa.

E é dentro dessa sonoridade distorcida, que pende em momentos para composições mais fechadas e em outros explora um som mais ensolarado, que o álbum vai se desenvolvendo. É clara a inexperiência e completa simplicidade das faixas que estão no disco, porém é claro também o interesse e o cuidado tomado por Joseph Calamusa durante todo o curto percurso do disco. Se a estreia do rapaz vem dotada de singeleza e pouca inovação, pelo menos ela não se apóia em repetições e fórmulas desgastadas como tantos que se afundam de maneira entediante nos campos da eletrônica Lo-Fi.

 

Ooo Kokomo (2011)

 

Nota:7.3
Para quem gosta de: Washed Out, Toro Y Moi e Neon Indian
Ouça: Beach Cassette Jam

 

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.