Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 05/02/2011

Bidê ou Balde
Indie Rock/Alternative/Pop
http://www.myspace.com/bideoubalde

Por: Cleber Facchi

Se em 2000 com o lançamento do álbum Se sexo é o que importa, só o Rock é sobre amor os gaúchos da Bidê ou Balde já haviam alcançado a fórmula do pop perfeito, com seu segundo trabalho de estúdio a banda veio para provar que não existem limites em suas composições. Buscando referências no indie rock e no Power Pop da década de 1990 e se aventurando por terrenos experimentais o disco é uma pérola da música pop contemporânea e uma aula para quem pretende se aventurar pelo gênero.

Denominado Outubro ou Nada (2002), o álbum entrega um grupo visivelmente amadurecido, em que as canções com jeitão de rock comédia da estreia ainda se fazem presentes, embora arranjos instrumentais mais sofisticados dêem brilho e consistência às composições. O trabalho conta com produção do conterrâneo Thomas Dreher, que já trabalhou com artistas como Júpiter Mação, Frank Jorge e demais bandas oriundas do cenário gaúcho. A mão firme do produtor conseguiu não apenas amarrar as pontas soltas do álbum de estreia, como também trouxe uma nova roupagem às composições do grupo, nada dos acordes e arranjos simplistas de antes é o detalhismo que dá força ao trabalho.

Os vocais meio cantados e meio declamados de Carlinhos Carneiro, os sintetizadores delicados de Kátia Aguiar, Rodrigo Pilla e Ricardo Sá com suas guitarras grudentas e que esbanjam competência, o baixo audível e pontual de Pedro Hahn e os sempre divertidos apoios vocálicos de Vivi Paçaíbas vão construindo cada uma das 14 faixas do álbum, tudo com uma qualidade poucas vezes vista na música nacional.

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Se quando debutaram foi a letra cativante de E Por Que Não? a principal responsável por catapultar o grupo para dentro do cenário musical, com o segundo trabalho de estúdio as letras bem mais desenvoltas de Carneiro dão continuidade a esse feito. As faixas transitam por problemas de relacionamento (Bromélias), declarações de amor (Adoro quando chove), pelo mundo da moda (Matelassê), intrigas (O Antipático), além de composições puramente nonsenses (Dulci).

Fãs declarados de Flaming Lips (são até mencionados na faixa K-7 do primeiro disco) o grupo gaúcho se apóia em diversos momentos nos toques de instrumentação lisérgica e viagens sonoras experimentais para direcionar as faixas. O melhor exemplo disso é a ótima O que não eu não vejo não existe. Com mais de sete minutos de duração a canção vem recheada por uma letra lunática, programações de guitarra, overdubs maciços, além de uma extensão ao final da faixa. O mesmo acontece com Não Adianta Chorar (os efeitos ao final da música são excelentes) e em Dulci, essa fazendo referências claras a Lucy In The Sky With Diamonds dos Beatles.

Embora inicialmente o trabalho tenha contado com certa resistência por parte do público, a crítica foi totalmente favorável ao disco, o que serviu para propagá-lo. Com o trabalho seguinte É preciso dar vazão aos sentimentos (2004) a banda já havia deixado de lado as doses de experimentalismo, voltando para composições que remetiam ao trabalho de estreia. Mas é por esse exercício pop entusiasmado que o grupo deve sempre ser lembrado e ouvido.

Outubro ou Nada (2004)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Vídeo Hits, Superguidis e Ecos Falsos
Ouça: Microondas

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.