Disco: “Up, Guards And At ‘Em!”, The Pigeon Detectives

/ Por: Cleber Facchi 04/04/2011

The Pigeon Detectives
British/Indie Rock/Britpop
http://www.myspace.com/thepigeondetectives

 

Por: Cleber Facchi

Os fãs vão contestar, mas uma coisa é certa: o The Pigeon Detectives nunca fez parte do grande escalão das bandas de indie rock da última década. Entretanto, mesmo limitados a um tipo de sonoridade “própria”, o quinteto inglês soube proporcionar bons momentos e ótimos achados da música contemporânea, principalmente em se tratando do disco de estreia, o divertido Wait For Me (2007). O mesmo já não pode ser dito do segundo trabalho da banda, Emergency (2008), um disco feito pra chorar tamanha falta de competência, contudo, para o terceiro disco, o grupo de Rothwell parece finalmente renovado.

O sentimento de renovação, entretanto, deve ser encarado de maneira ponderada, afinal, não há como esperar muito de um grupo que nunca foi realmente grande. Porém, mesmo para os padrões da banda Up, Guards And At ‘Em! (2011) consegue ser um disco realmente agradável e talvez o ponto de maturidade do quinteto. Não há a mesma energização punk do debut, porém não há também a mesma concepção tediosa que perpassa todas as faixas do disco seguinte. Um sincero “mais ou menos”, onde o “mais” acaba indubitavelmente prevalecendo.

Diferente de outros grupos ingleses como o We Are Scientists, The Rascals e British Sea Power, que surpreenderam todo mundo com seus discos de estreia e depois se afundaram em uma carreira repleta de sons vergonhosos, Matt Bowman (vocais), Oliver Main (guitarra), Ryan Wilson (guitarra), Dave Best (baixo) e Jimmi Naylor (bateria) conseguem neste terceiro álbum dar um tratamento igualitário a cada uma das canções que o solidificam. Dessa forma você encontra boas canções tanto no começo quanto próximas ao termino do trabalho.

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A falta de bons hits no disco anterior parece momentaneamente suprida com este terceiro registro, afinal, não há como contestar que grande parte do que foi o grupo em sua estreia em 2007 vinha de canções como Romantic Type, I Found Out e You Know I Love You. Ao contrário dos sons anteriores a banda não concentra sua energia hitmaker e refrões pegajosos ou solos policromáticos, mas de maneira bem diversificada, uma mescla destes dois elementos. Isso resulta em belos registros sonoros como What Can I Say? em que a instrumentação organizada de forma crescente e os bons vocais de Bowman trazem todo uma aura britpop típica da que circundava nos trabalhos da década de 1990.

Embora Up, Guards And At ‘Em! seja o trabalho mais coerente do grupo até então é visível o quanto o grupo tenta se encontrar entre o passado e o futuro da música. As guitarras focam tanto no uso de acordes eletrônicos, como em solos dignos de figurar em bandas de hard rock dos anos 70 (embora muitos deles acabem eventualmente passando certo ar de galhofa). A soma entre os dois elementos de décadas é sem dúvidas o que movimenta o álbum e consequentemente canções contagiantes como Done In Secret (com aquele refrão digno dos britânicos) e What You Gonna Do? (essa para cantar a plenos pulmões).

Sim, o novo disco do The Pigeon Detectives é um desses típicos discos de britpop recheado de guitarras rasantes a que tanto estamos acostumados, porém, o bom direcionamento dado a ele, assim como a forma bem definida com que o grupo explora as letras, vocais e melodias faz com que ele escape da média. Um prato cheio aos fãs e também uma boa forma de se desculparem pelo resultado favorecido pelo registro anterior. Se o grupo continuar assim é certo que ainda teremos bons e experientes discos, afinal, amadurecer é necessário e os britânicos fizeram isso com perspicácia.

 

Up, Guards And At ‘Em! (2011)

 

Nota: 7.2
Para quem gosta de: The Wombats, The Enemy e Kaiser Chiefs
Ouça: She Wants Me

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.