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Críticas

Parquet Courts

: "Wide Awake!"

Ano: 2018

Selo: Rough Trade

Gênero: Rock Alternativo, Pós-Punk

Para quem gosta de: OUGHT e Preoccupations

Ouça: Violence e Wide Awake

8.5
8.5

Resenha: “Wide Awake!”, Parquet Courts

Ano: 2018

Selo: Rough Trade

Gênero: Rock Alternativo, Pós-Punk

Para quem gosta de: OUGHT e Preoccupations

Ouça: Violence e Wide Awake

/ Por: Cleber Facchi 04/06/2018

É impressionante que mesmo depois de quatro bons álbuns de estúdio – Light Up Gold (2012), Sunbathing Animal (2014), Content Nausea (2014) e Human Performance (2016) –, os integrantes do Parquet Courts sejam capazes de reproduzir um som tão jovial, criativo e pulsante quanto o das primeiras composições autorais. Um permanente desvendar da própria identidade artística, transformação que se reflete a cada novo registro de inéditas da banda.

Sexto trabalho na carreira do quarteto nova-iorquino, Wide Awake! (2018, Rough Trade) talvez seja o melhor exemplo desse constante reinvento do grupo. Primeiro registro de inéditas em dois anos, o trabalho de 11 faixas resume logo na inaugural Total Football parte da energia e força criativa que embala o trabalho da banda formada por A. Savage, Austin Brown, Sean Yeaton e Max Savage. Uma explosão de guitarras, batidas e versos políticos que parecem pensados para bagunçar a cabeça do ouvinte, estrutura que se revela de forma crescente até o último acorde de Tenderless, faixa de encerramento do disco.

A principal diferença entre Wide Awake! e demais registros produzidos pela banda está no som funkeado que acompanha o ouvinte durante toda a execução da obra. Onde antes brotavam diálogos com o pós-punk de Talking Heads e Television, hoje ecoam melodias dançantes e temas nostálgicos que apontam para a obra do Parliament-Funkadelic. Não por acaso, o quarteto convidou o experiente Danger Mouse (Gnarls Barkley, Broken Bells) para trabalhar na produção do álbum.

O resultado dessa parceria está na produção de um som essencialmente versátil e inventivo. Do ritmo quente e carnavalesco que invade a faixa título do trabalho, passando punk declamado à la The Clash em Violence, o som nostálgico de Before the Water Gets Too High e Mardi Gras Beads, músicas que lembram The Beatles em começo de carreira, até alcançar o tango dramático de Back To Earth e a melancolia fina de Death Will Bring Change, cada faixa se revela como uma verdadeira surpresa. Instantes em que a banda continua a se apoiar nos antigos trabalhos, porém, sempre provando de novas possibilidades.

Outro aspecto curioso de Wide Awake! está na forte atmosfera de “álbum ao vivo”. Exemplo disso está na sequência entre Almost Had to Start a Fight/In and Out of PatienceFreebird II, músicas conectadas pelo coro de vozes de uma plateia e o anúncio de Savage: “A próxima música se chama Freebird II“. Menos enérgica, mas não menos significativa, Death Will Bring Change é outra que se abre para a inserção de vozes complementares, além, claro, de captações que mostram o diálogo entre membros da banda dentro de estúdio, aumentando a espontaneidade e humor em torno da obra.

Dotado de um raro frescor, Wide Awake! talvez seja o trabalho em que o Parquet Courts mais se aproxima de um som comercial. Trata-se de uma versão acessível, mas não menos interessante de tudo aquilo que o grupo nova-iorquino vem produzindo desde que Light Up Gold foi descoberto pela imprensa e parte expressiva do público. Versos pelo forte posicionamento político, crítica ao individualismo e embate aos grupos de extrema-direta, sobriedade que preenche toda a estrutura poética do disco, porém, em nenhum momento corrompe o sarcasmo e bom humor característicos da banda.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.