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Crítica

beabadoobee

: "This Is How Tomorrow Moves"

Ano: 2024

Selo: Dirty Hit

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Clairo

Ouça: Take a Bite, Coming Home e Ever Seen

7.6
7.6

beabadoobee: “This Is How Tomorrow Moves”

Ano: 2024

Selo: Dirty Hit

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Clairo

Ouça: Take a Bite, Coming Home e Ever Seen

/ Por: Cleber Facchi 22/08/2024

Mesmo em seus momentos de maior profissionalização e diálogo com o pop, Beatrice Laus, a beabadoobee, sempre manteve uma atmosfera caseira em suas criações. Basta voltar os ouvidos para o material entregue em Fake It Flowers (2020) e Beatopia (2022) para perceber a forma como a cantora e compositora filipina radicada em Londres nunca se distanciou do som empoeirado que herdou de suas principais referências criativas, como Stephen Malkmus, Elliott Smith, Mazzy Star e outros nomes de destaque da década de 1990.

Vem justamente dessa relação com a música elaborada há mais de três décadas o interesse da cantora em colaborar com um dos principais produtores do período, o veterano Rick Rubin. Uma vez acomodada nos estúdios Shangri-La, de propriedade de Rubin, na cidade de Los Angeles, Laus e o guitarrista Jacob Bugden, com quem tem trabalhado desde Fake It Flowers, passaram a registrar as sessões do material com o norte-americano que acumula obras com personalidades como Red Hot Chili Peppers, Jay-Z, Adele e Lady Gaga.

Apesar do contato com Rubin e do interesse de beabadoobee pelo som dos anos 1990, o que se percebe em This Is How Tomorrow Moves é uma obra completamente distinta em relação aos últimos dois lançamentos da musicista. Da limpidez na captação dos arranjos e vozes, passando pela nítida fluidez das composições, que agora alcançam um ponto de equilíbrio entre o rock e o pop, poucas vezes antes o trabalho de Laus pareceu tão consistente, evidenciando um capricho e amadurecimento técnico por parte da cantora.

Exemplo disso fica bastante evidente nos momentos de maior calmaria do trabalho, como na sequência formada por Coming Home e Ever Seen. São pouco mais de cinco minutos em que beabadoobee parte de uma base acústica, como um aceno para o folk suave de Simon and Garfunkel, para logo em seguida provar de um som festivo, com seus sopros, sintetizadores e guitarras melódicas que fazem lembrar de Japanese Breakfast em Jubilee (2021). É como um colorido e sempre sofisticado catálogo de possibilidades criativas.

Embora marcado pela suavidade e meticuloso processo de composição de Laus, This Is How Tomorrow Moves em nenhum momento rompe com a sujeira das guitarras que marcam os primeiros trabalhos da artista. A própria sequência de abertura, formada por Take A Bite, California e One Time funciona como uma boa representação desse resultado. Enquanto os versos destacam a forte carga emocional de Laus, arranjos contrastantes alternam entre a maciez e o ruído, levando o som da artista para outras direções.

Esse desejo de Laus em ampliar o próprio repertório resulta em algumas composições bastante inusitadas no decorrer de This Is How Tomorrow Moves. É o caso de A Cruel Affair, música em que vai da bossa nova ao rock litorâneo, e The Man Who Left Too Soon, um folk reducionista que logo se apaga da memória do ouvinte. São canções que mais parecem mudanças de percurso indesejadas, estendendo o registro para além do necessário e diminuindo a sensação de equilíbrio explícita nos momentos iniciais do trabalho.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.