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Ano: 2023

Selo: Joint

Gênero: Eletrônica, Reggaeton

Para quem gosta de: Badsista e Arca

Ouça: Duro, SXO e Sextos Sentidos

8.0
8.0

Carlos do Complexo: “NTGM”

Ano: 2023

Selo: Joint

Gênero: Eletrônica, Reggaeton

Para quem gosta de: Badsista e Arca

Ouça: Duro, SXO e Sextos Sentidos

/ Por: Cleber Facchi 26/10/2023

Com a ascensão do reggaeton ao longo da última década, uma soma considerável de artistas brasileiros passaram a se aventurar pelo estilo. De figurões da indústria da música, como Anitta e Ludmilla, a nomes ainda iniciantes, caso de Urias e Marina Sena, sobram tentativas, muitas delas fracassadas, em provar do gênero. São criações, na maioria das vezes, dotadas de uma estética emulada, proposta que o produtor carioca Carlos do Complexo se distancia por completo ao mergulhar no repertório de NTGM (2023, Joint).

Verdadeiro exercício de estilo, o registro nasceu de um processo de imersão e estudo aplicado do artista sobre os ritmos latinos, principalmente o reggaeton. Dessa forma, mergulhado na história e vertentes do estilo, do Complexo encontrou inspiração para criar um trabalho inteiro. Entretanto, a real beleza de NTGM, uma sigla para “No Tengas Miedo“, não está necessariamente na forma como o produtor estreita laços com o gênero, mas na capacidade em imprimir a própria identidade durante toda a execução do material.

Primeira música do disco a ser apresentada ao público, Pânico! sintetiza de forma eficiente tudo aquilo que o produtor busca desenvolver ao longo do trabalho. Enquanto as batidas marcam o estilo, retalhos de vozes e sintetizadores futurísticos transitam em meio a variações de funk carioca e techno. É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais interessante em outros momentos do registro, vide a posterior Duro. São exatos quatro minutos em que o artista, agora em colaboração com o paulista RHR, se aventura pelas pistas em uma intensa combinação de elementos que invariavelmente convidam o ouvinte a dançar.

Mesmo quando desacelera momentaneamente, como em SXO, deliciosa colaboração com LARINHX e Ebony, prevalece a riqueza dos elementos e uso sempre destacado das batidas, reforçando a assinatura sonora do produtor. Composições talvez curtas em excesso, porém, capazes de condensar diferentes estilos e propostas criativas de forma sempre bem resolvida. Exemplo disso pode ser percebido em Fórmula. São pouco mais de dois minutos em que o produtor parece brincar com as possibilidades, estrutura que ainda se completa pela participação de Urias e Mia Badgyal, responsáveis pelas vozes que invadem a canção.

São justamente esses diálogos do produtor com diferentes parceiros criativos que fazem de faixas talvez limitadas verdadeiras preciosidades. É o caso da reducionista Barbie, composição que pouco acrescenta musicalmente ao repertório de NTGM, mas que cresce nas rimas disparadas por BBG. Outra que chama a atenção é a atmosférica Sextos Sentidos. Embora siga um percurso bastante particular, rompendo com o restante do trabalho, a canção em nenhum momento deixa de encantar o ouvinte, efeito direto das vozes cuidadosamente encaixadas de Bebé, esmero que se repete em Dame y Dale, parceria com Charm Mone.

Dessa forma, sempre aberto às possibilidades e encontros com diferentes colaboradores, do Complexo garante ao público um trabalho essencialmente diverso. São composições que vão de um canto a outro, estreitando laços e ampliando o campo de atuação do artista, porém, preservando a forte relação com os ritmos e elementos da cultura latina. Claro que essa riqueza de ideias não evita algumas repetições e faixas menores, como Colon, música que soa como um esboço quando próxima das canções reveladas minutos à frente. É como uma aventura estilística, com seus altos e baixos, direcionamento que marca a criação do produtor carioca desde os primeiros registros, mas que ganha novo e inventivo tratamento em NTGM.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.