Ano: 2025
Selo: Independente
Gênero: Indie
Para quem gosta de: Tim Bernardes e Rubel
Ouça: Pássaro Nave, Dia Vai e Uma Onda Em Pedaços
Ano: 2025
Selo: Independente
Gênero: Indie
Para quem gosta de: Tim Bernardes e Rubel
Ouça: Pássaro Nave, Dia Vai e Uma Onda Em Pedaços
A imagem de Cícero, rodeado por escombros, diz muito sobre aquilo que o cantor, compositor e produtor carioca busca desenvolver no sexto e mais recente álbum de estúdio da carreira, Uma Onda em Pedaços (2025, Independente). Nascido de um longo processo de reconstrução pessoal após o período pandêmico, o trabalho é tanto um olhar para o passado recente do artista quanto uma obra que avança criativamente.
“O passado segue adiante”, canta Cícero na derradeira canção que concede título ao disco. Partindo dessa abordagem introspectiva, sempre imerso em divagações e pequenos fluxos de pensamento que revelam o que se esconde no interior, o músico carioca garante ao público uma de suas criações mais expositivas e, consequentemente, íntimas do ouvinte, efeito do sempre meticuloso lirismo confessional que move a obra.
Em Pássaro Nave, logo na abertura do disco, são imagens poéticas que tratam da sensação de paz diante da solidão e dos ciclos de cura e transformação. Já em Lucille, com parte dos versos cantados em inglês, uma canção-personagem que materializa diferentes partidas na vida do artista. Na ensolarada Ela Disse, a redescoberta do amor a partir de uma perspectiva sóbria, postura mantida durante a execução do álbum.
Interessante notar que, mesmo intimista, Uma Onda em Pedaços talvez seja o registro mais colaborativo do cantor desde Cícero & Albatroz (2017). Da parceria com Duda Beat, em Sem Dormir, música que destaca o lado enérgico da obra, passando pelo encontro com Vovô Bebê, em Tranquilo, preciosos são os laços que o artista estreita ao longo do trabalho. Nada que prepare o ouvinte para o que se revela na agridoce Dia Vai.
Completa pela presença de Tori, a faixa que trata com delicadeza sobre a força da memória ainda chama a atenção pelos arranjos que evocam o repertório de Canções de Apartamento (2011). Essa mesma riqueza na aplicação dos instrumentos pode ser percebida em Mente Voa, composição que faz lembrar o pós-rock do Sigur Rós, mas se completa de maneira inusitada em um rap. Surgem ainda músicas como Meu Amigo Harvey, com ambientação abstrata, samples de Johannes Brahms e bateria em destaque, quase jazzística.
Não se trata de algo exatamente novo quando pensamos em tudo aquilo que Cícero havia testado em obras como Sábado (2013), A Praia (2015)e Cosmo (2020), mas profundamente maduro e consistente, como se o artista carioca tivesse completo domínio da própria criação. Um misto de passado e presente que, vez ou outra, tende à nostalgia, mas encontra na força de novas temáticas um precioso senso de transformação.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.