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Crítica

Fred Again..

: "Actual Life 3 (January 1 – September 9 2022)"

Ano: 2022

Selo: Atlantic

Gênero: Eletrônica, UK Garage

Para quem gosta de: Jamie XX e I. Jordan

Ouça: Delilah (Pull me out of This) e Berwyn

6.8
6.8

Fred Again..: “Actual Life 3 (January 1 – September 9 2022)”

Ano: 2022

Selo: Atlantic

Gênero: Eletrônica, UK Garage

Para quem gosta de: Jamie XX e I. Jordan

Ouça: Delilah (Pull me out of This) e Berwyn

/ Por: Cleber Facchi 03/11/2022

Embora venha de uma série de faixas e parcerias com diferentes artistas que antecedem a pandemia de Covid-19, foi durante o período de isolamento social que fomos oficialmente apresentados ao som de Fred Again. Utilizando da própria obra como um diário conceitual, o produtor britânico fez de Actual Life (April 14 – December 17 2020) a passagem para um território tão particular quanto íntimo do ouvinte. Canções que oscilavam entre momentos de maior contemplação e respiros escapistas, proposta que viria a ser reforçada meses mais tarde, com a entrega do complementar Actual Life 2 (February 2 – October 15, 2021).

Com o período de reabertura, nada mais natural do que esperar por uma mudança de direção por parte do produtor. E é exatamente isso que encontramos no repertório de Actual Life 3 (January 1 – September 9 2022) (2022, Atlantic). Do momento em que tem início, em Eyelar (Shutters), fica bastante evidente o esforço do artista em provar de uma sonoridade cada vez mais dançante. São canções que destacam a potência das batidas, brincam com a sobreposição das vozes e conduzem o ouvinte em direção às pistas, como uma transposição de tudo aquilo que o britânico tem explorado durante as apresentações ao vivo.

Não por acaso, durante todo o processo de preparação para o lançamento do disco, o artista investiu em uma série de composições marcadas pela fluidez dos elementos. É o caso de Danielle (Smile On My Face), música concebido a partir de trechos de Nice To Have, uma das principais faixas que integram o primeiro álbum de 070 Shake, Modus Vivendi (2020). Outra que utiliza de uma estrutura bastante similar é Kelly (End Of A Nightmare), canção que vai de encontro ao mesmo território criativo de conterrâneos como Burial e Jamie XX, porém, utilizando de uma abordagem ainda mais acessível e atrativa para o ouvinte.

O problema é que enquanto potencializa um de seus principais traços criativos e estreita ainda mais a relações com as pistas, o artista diminui outro. Diferente do material revelado nos dois primeiros trabalhos de estúdio, em que possibilitava a formação de músicas marcadas pela sensibilidade dos temas, caso da delicada Me (Heavy) e Kyle (I Found You), Fred Again.. agora inviabiliza possíveis quebras e momentos de sutil transformação. O resultado desse processo está na entrega de um registro que convence pela inegável capacidade do produtor em fazer o ouvinte dançar, porém, se projeta de forma repetitiva e previsível.

Dos poucos momentos em que rompe com essa abordagem frenética, Fred Again.. apresenta ao público algumas de suas melhores criações. É o caso de Berwyn (All That I Got Is You). Partindo de uma base cíclica de pianos, a faixa pouco a pouco destaca a construção das batidas e uso melancólico das vozes. Já conhecida do público, Bleu (Better With Time) é outra que reforço o aspecto dançante presente durante toda a execução do trabalho, porém, possibilita nos minutos iniciais um lento desvendar de informações. É como um aceno breve para o fino repertório entregue pelo próprio artista nos lançamentos anteriores.

Entregue ao público em um período bastante movimentado para o produtor britânico, Actual Life 3 (January 1 – September 9 2022) soa como uma extensão natural de tudo aquilo que o artista tem revelado nos últimos meses, vide colaborações assinadas em parceria com nomes como Swedish House Mafia, I. Jordan e Romy Madley Croft (The xx). São composições que utilizam de uma abordagem menos complexa em relação ao material entregue nos dois últimos lançamentos de Fred Again.., mas nunca desinteressantes, proposta que acaba se refletindo até os minutos finais do trabalho, na atmosférica Winnie (end of me).

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.