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Crítica

Georgia

: "Euphoric"

Ano: 2023

Selo: Domino

Gênero: Synthpop, Electropop

Para quem gosta de: Romy, Shura e CHVRCHES

Ouça: Give It up for Love e It’s Euphoric

7.3
7.3

Georgia: “Euphoric”

Ano: 2023

Selo: Domino

Gênero: Synthpop, Electropop

Para quem gosta de: Romy, Shura e CHVRCHES

Ouça: Give It up for Love e It’s Euphoric

/ Por: Cleber Facchi 15/08/2023

Lançado no início da pandemia de Covid-19, Seeking Thrills (2020), como muitos trabalhos revelados no mesmo período, é um desses registros que foram praticamente engolidos frente ao cenário turbulento e série de acontecimentos dos meses que se sucederam. Ponto de partida para uma nova fase na carreira da cantora, compositora, baterista e produtora Georgia Barnes, o álbum conta agora com uma chance de “redenção” ao mergulharmos no repertório de Euphoric (2023, Domino), obra que não apenas segue de onde a artista parou há três anos, como potencializa uma série de elementos de forma bastante efetiva.

Fruto da colaboração entre a artista inglesa e o produtor Rostam Batmanglij (HAIM, Carly Rae Jepsen), que enviou uma menagem para a cantora após se sentir encantado pela parceria entre Georgia e o conterrâneo Mura Masa, em Live Like We’re Dancing, Euphoric é um trabalho que se livra de possíveis excessos em favor de um repertório acessível e altamente radiofônico. Primeira composição do disco a ser produzida pela dupla, It’s Euphoric foi a escolhida para inaugurar o material, apontando a direção para o registro que se projeta a partir do uso de vozes radiantes, camadas de sintetizadores e batidas sempre calculadas.

É como se Batmanglij fosse de encontro ao vasto repertório acumulado como produtor nos últimos anos, vide o ainda recente The Loviest Time (2023), porém, preservando a identidade criativa e essência da artista inglesa. O resultado desse processo está na entrega de um material que parece dançar pelo tempo, compilando fragmentos de diferentes décadas da música. Exemplo disso fica bastante evidente em Give It Up For Love, composição que destaca o lirismo romântico de Georgia e ainda seduz pela percussão, pianos e camadas de guitarras que evocam a psicodelia inebriante do Primal Scream no início da década de 1990.

Embora aponte para o passado, Euphoric, diferente de outros lançamentos recentes, parece ir além de um simples pop retrô embriagado pelos anos 1970 e 1980. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida em All Night, composição em que vai de encontro à EDM de nomes como Porter Robinson e Madeon, reforçando lado enérgico do material. São sintetizadores e batidas pulsantes que parecem saídas de alguma pista de dança em 2014. Nada que impossibilite a criação de faixas marcadas pelo reducionismo dos elementos, como na crescente Mountain Song, música que avança em uma medida própria de tempo.

Tamanha pluralidade de ideias em nenhum momento faz de Euphoric uma obra confusa. Do momento em que tem início, na já citada It’s Euphoric, evidente é o esforço da dupla em amarrar tudo dentro de um mesmo conjunto de ideias, timbres e estruturas rítmicas, direcionamento anteriormente testado por Batmanglij em Immunity (2019), bem sucedida colaboração com Clairo. Mesmo os versos orbitam uma base poética bastante característica, utilizando de reflexões sobre o amor e outros momentos de maior vulnerabilidade que ampliam tudo aquilo que foi apresentado pela artista nas canções de Seeking Thrills.

Ainda assim, tal qual o registro que o antecede, Euphoric começa a perder força assim que a segunda metade do trabalho tem início. Com exceção de Friends Will Never Let You Go, com suas batidas e sintetizadores ascendentes, além, claro, da letra que se aprofunda em relações pessoais e reflexões sobre amizade, tudo segue uma abordagem excessivamente cômoda a partir da delimitação explícita em Live Like We’re Dancing (Part II). Composições como The Dream e Keep On que, embora bem resolvidas, parecem incapazes de replicar a fluidez e grandiosidade explícita em toda a porção inicial do repertório.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.