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Crítica

Metronomy

: "Small World"

Ano: 2022

Selo: Because Music

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Hot Chip e Cut Copy

Ouça: It’s Good to Be Back e Things Will Be Fine

5.0
5.0

Metronomy: “Small World”

Ano: 2022

Selo: Because Music

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Hot Chip e Cut Copy

Ouça: It’s Good to Be Back e Things Will Be Fine

/ Por: Cleber Facchi 01/03/2022

Salve momentos de maior transformação, parte expressiva do som produzido pelo Metronomy ao longo da última década parecia replicar a atmosfera conquistada pela banda no ensolarado The English Riviera (2011). Mesmo o trabalho de Joseph Mount como produtor, em Honey (2018), de Robyn, e What’s Your Pleasure? (2020), de Jessie Ware, utiliza de uma série de elementos bastante característicos, como a escolhida dos sintetizadores, o uso calculado das batidas e a linha de baixo sempre destacada. Uma combinação de ideias que funciona em registros como Love Letters (2014) e Summer 08 (2016), mas que passou a ecoar de forma desgastada quando o grupo deu vida ao morno Metronomy Forever (2019).

Não por acaso, para a produção do sétimo e mais recente trabalho de estúdio, Small World (2022, Because Music), o grupo, completo por Oscar Cash, Anna Prior, Olugbenga Adelekan e Michael Lovett, busca se distanciar desse resultado. Utilizando de uma abordagem orgânica, com maior destaque para a aplicação dos instrumentos e fuga da programação eletrônica, Mount e seus parceiros acertam ao investir em uma obra que rompe com a trilha apontada em The English Riviera, porém, tropeça em um acabamento tedioso.

Fortemente influenciado pelo período de isolamento social, o registro sustenta nas letras um previsível exercício de libertação e esperança. “Fora de contato, fora da minha profundidade / Você segurou um espelho para minha respiração / Há um vislumbre de esperança ainda“, canta Mount, na introdutória Life and Death. São versos sempre sensíveis e intimistas, como um produto claro do recolhimento vivido pelo artista, mas que parecem incapazes de se relacionar com o ouvinte, efeito direto da estrutura que ganha forma a partir da simplificação dos elementos, uso de ambientações acústicas e acabamento preguiçoso.

É como se Mount extraísse tudo aquilo que fez do Metronomy um dos projetos mais interessantes da última década, como as texturas sintéticas, quebras e instantes de necessário silenciamento que antecedem momentos de maior grandeza. Exemplo disso fica bastante evidente em músicas como I Lost My Mind e Loneliness On the Run. São canções que começam e terminam sem grandes alterações, proposta que acaba consumindo e reduzindo o impacto dos versos detalhados pelo artista. Mesmo participação dos demais integrantes, sempre versáteis, parece limitada, fria, o que torna tudo ainda menos interessante.

Sobrevive justamente nos momentos em que mais se distancia desse resultado a passagem para algumas das melhores faixas do disco. Enquanto Right On Time traz de volta a percussão e parte da atmosfera litorânea que marca a boa fase do grupo, It’s Good To Be Back cresce no uso dos sintetizadores e batidas que, mesmo timidamente, convidam o ouvinte a dançar. Nada que se compare ao material entregue em Things Will Be Fine. Ponto de equilíbrio entre o que há de mais característico na antiga e atual fase da banda, a canção encanta não somente pelo refinamento dado aos versos, como pela criativa combinação de elementos que faz lembrar de Orange Juice, The Smiths e outros nomes importantes dos anos 1980.

Pena que esses momentos de evidente acerto são raros e totalmente efêmeros. Dada a apresentação do trabalho, em Life and Death, tudo gira em torno de um limitado conjunto de experiências, ritmos e formas instrumentais que não necessariamente tornam a experiência do ouvinte arrastada, porém, tendem ao esquecimento. A própria relação com outros colaboradores, como Porridge Radio, em Hold Me Tonight, parece explorada de forma pouco proveitosa e genérica. Canções que carregam traços do que um dia foi o Metronomy, mas que são totalmente apagadas da cabeça do ouvinte tão logo Small World chega ao fim.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.