Ano: 2022
Selo: Triple Crown
Gênero: Indie Rock, Emo
Para quem gosta de: Joyce Manor e The Hotelier
Ouça: Nothing To Do, Pensacola e Give a Fork
Ano: 2022
Selo: Triple Crown
Gênero: Indie Rock, Emo
Para quem gosta de: Joyce Manor e The Hotelier
Ouça: Nothing To Do, Pensacola e Give a Fork
É sempre muito prazeroso mergulhar nas criações de Oso Oso. Em um intervalo de poucos minutos, Jade Lilitri, idealizador da banda, não apenas estabelece uma série de conexões com a obra de veteranos do da cena norte-americana, como utiliza das próprias emoções para estreitar a relação com o ouvinte e estabelecer traços da própria identidade. E isso fica bastante evidente nas canções de Sore Thumb (2022, Triple Crown). Quarto e mais recente trabalho do grupo de Long Beach, Nova Iorque, o registro estabelece no refinamento dado aos arranjos, letras e vozes um claro exercício de amadurecimento e domínio criativo.
Lançado de surpresa, o sucessor de Basking in the Glow (2019), de onde vieram faixas como The View e A Morning Song, segue de onde o músico parou há três anos, porém, partindo de uma abordagem ainda mais interessant e versátil. Do momento em que tem início, em Computer Exploder, cada composição do disco parece transportar o ouvinte para um novo território criativo. São canções que esbarram na obra de artistas como The Promise Ring e Death Cab For Cutie, mas que em nenhum momento ocultam a atmosfera descompromissada, por vez íntima do pop, que parece típica das criações de Lilitri.
E isso fica bastante evidente em Father Tracy, música que evoca a atmosfera ensolarada do Sugar Ray, porém, dentro de uma linguagem própria do Oso Oso. A própria Pensacola, revelada semanas antes ao lançamento do disco, evidencia o mesmo direcionamento estético. São pianos e guitarras que parecem pensadas para grudar na cabeça do ouvinte, como uma tentativa de Lilitri em concentrar apenas o que existe de mais acessível no som produzido pela banda, conceito que tem sido explorado desde a mudança de direção expressa em The Yunahon Mixtape (2017), trabalho em que amplia o repertório apresentado dois anos antes, no introdutório Real Stories of True People, Who Kind of Looked Like Monsters... (2015).
Embora capaz de dialogar com uma parcela ainda maior do público, conceito reforçado em músicas como a cantarolável Because I Want To e Nothing Says Love Like Hydration, Sore Thumb está longe de parecer uma obra ausente de peso. Passagem para o lado mais doloroso e sensível do registro, Give a Fork funciona como um bom exemplo disso. Enquanto a base da composição alcança um equilíbrio entre as criações de Elliott Smith e Ben Gibbard, versos marcados pelo forte caráter existencialista tornam tudo ainda mais interessante. “Eu tenho uma lanterna, mas nem uma única pista / Estou ficando sem ideias“, reflete.
Sobrevive justamente nesse equilíbrio entre o lado contemplativo e radiante do álbum o estímulo para algumas das melhores composições de Sore Thumb. É o caso da sequência formada por Fly On The Wall e Describe You, quando Lilitri garante maior aceleração e força ao trabalho, capturando a atenção do ouvinte sem grandes dificuldades. A própria Nothing To Do, logo na abertura do disco, funciona como uma boa representação desse resultado. São guitarras cristalinas e batidas rápidas que se completam pela inserção de versos sempre consumidos pelo peso da memória. “Eu sempre soube que te decepcionaria“, canta.
Tamanha versatilidade e riqueza no processo de composição faz de Sore Thumb uma obra singular quando próxima de outros exemplares do gênero, tradicionalmente regidos pelo mesmo direcionamento estético e uso de temáticas bastante similares. A exemplo do que o Turnstile testou em Glow On (2021), Lilitri utiliza do trabalho como um importante exercício de criação e busca por novas possibilidades. São canções que vão de um canto a outro sem necessariamente fazer disso o estímulo para um material confuso, como se o músico fizesse dos próprios sentimentos um importante componente de aproximação.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.