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Crítica

Paramore

: "This Is Why"

Ano: 2023

Selo: Atlantic

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Bloc Party e Fall Out Boy

Ouça: This Is Why, The News e Crave

7.0
7.0

Paramore: “This Is Why”

Ano: 2023

Selo: Atlantic

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Bloc Party e Fall Out Boy

Ouça: This Is Why, The News e Crave

/ Por: Cleber Facchi 17/02/2023

Há seis anos, com a entrega de After Laughter (2017), ficou bastante evidente o esforço de Hayley Williams e seus parceiros no Paramore em romper, mesmo que parcialmente, com o tipo de som que o grupo do Tennessee vinha desenvolvendo desde o início dos anos 2000. Enquanto a banda, completa por Zac Farro e Taylor York, continua a servir de inspiração para nomes recenes como Oliva Rodrigo e Billie Elish, a direção adotada em estúdio tem sido outra, tratamento reforçado com a estreia de Williams em carreira solo, com Petals For Armor (2020), mas que ganha ainda mais destaque em This Is Why (2023, Atlantic).

Declaradamente influenciado pelo som produzido no início dos anos 2000, durante a fase embrionária do grupo, o trabalho de dez faixas mais uma vez posiciona a guitarra e bateria em primeiro plano, porém, trilha um caminho diferente, estreitando relações com outros nomes importantes do período. São ecos de Bloc Party, The Rapture e demais artistas que estabeleceram no aspecto revivalista de suas criações uma importante fonte de inspiração. Um resgate de tendências que já vinham recicladas, proposta que talvez soe como novidade para o público fiel da banda, mas que pouco avança ou acrescenta criativamente.

Da escolha dos timbres ao uso dos vocais, passando pela estrutura das guitarras e encaixe matemático da bateria, tudo soa como uma viagem em direção ao passado. Difícil ouvir composições como a já conhecida faixa-título e não ser prontamente transportado para dentro de registros como Silente Alarm (2005). Em Running Out Of Time, minutos à frente, são as mesmas bases cíclicas testadas pelo Foals em Antidotes (2010). Mesmo quando aponta para o presente, como C’est Comme Ça, música que esbarra na poesia declamada do Dry Cleaning, o peso da referência parece maior do que a própria identidade do grupo.

Entretanto, o que tinha tudo para sufocar como um preguiçoso resgate de informações e tendências há muito corroídas por diferentes artistas, estabelece no lirismo provocativo de Williams um precioso senso de renovação. Na contramão dos registros que o antecedem, sempre centrados em momentos de maior vulnerabilidade emocional e conflitos sentimentais, This Is Why parece crescer para além de um cercado intimista. São composições que tratam sobre o atual cenário político dos Estados Unidos, o impacto da pandemia de Covid-19 e a permanente sensação de sufocamento estimulada pelo uso das redes sociais.

Dessa forma, mesmo composições ancoradas em estruturas previsíveis, como em The News, capturam a atenção do ouvinte sem grandes dificuldades. Pouco mais de três minutos em que Williams transita por entre cenas e acontecimentos recentes de forma a romper com qualquer traço de conforto. “A cada segundo, nosso coração coletivo se parte / Todos juntos, cada cabeça balança / Feche os olhos, mas não vai embora / Ligue, desligue as notícias“, canta. O mesmo acontece em Big Man, Little Dignity, música em que reflete sobre como controversas figuras masculinas são facilmente perdoadas pela nossa sociedade. Nada que pareça diminuir a presença de canções ainda íntimas dos temas sentimentais dos antigos trabalhos.

São músicas como Crave (“Eu romantizo até o pior dos tempos / Quando tudo o que precisava para me fazer chorar era estar viva“) e You First (“Assim como um animal de rua / Eu continuo me alimentando restos“), em que a sensibilidade de Williams não apenas cresce substancialmente, como se aprofunda em novas temáticas, ampliando o próprio catálogo emocional. Canções que rompem com a lógica política do restante do álbum, mas que se conectam aos antigos trabalhos da banda, fazendo de This Is Why um registro equilibrado, como uma soma do que há de melhor e mais característico na obra do Paramore.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.