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Crítica

Terno Rei

: "Nenhuma Estrela"

Ano: 2025

Selo: Balaclava Records

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Pluma e Jambu

Ouça: Nenhuma Estrela, Nada Igual e Próxima Parada

8.4
8.4

Terno Rei: “Nenhuma Estrela”

Ano: 2025

Selo: Balaclava Records

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Pluma e Jambu

Ouça: Nenhuma Estrela, Nada Igual e Próxima Parada

/ Por: Cleber Facchi 23/04/2025

Em um cenário dominado por artistas em carreira solo e duplas sertanejas inflacionadas, sempre bom ver uma banda, ainda mais independente, não apenas resistir, como amadurecer a cada novo disco. Quinto e mais recente álbum da Terno Rei, Nenhuma Estrela (2025, Balaclava Records) reafirma o domínio criativo do quarteto paulistano, consolida a identidade sonora do grupo e ainda aponta para diferentes direções.

Sequência ao material apresentado por Ale Sater, Bruno Paschoal, Greg Maya e Luis Cardoso em Gêmeos (2022), o disco produzido em parceria com Gustavo Schirmer talvez não seja tão disruptivo musicalmente e até tende ao conforto em alguns momentos, porém, potencializa as virtudes do quarteto. Como indicado na mudança de abordagem iniciada em Violeta (2019), o Terno Rei é hoje uma banda menos orientada ao reducionismo atmosférico do introdutório Vigília (2014) e muito mais voltada ao pop de grandes canções.

E como eles fazem isso bem. Em Próxima Parada, por exemplo, perceba como o grupo desconstrói Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, para garantir ao público uma faixa altamente cantarolável. Já em Casa Vazia, são versos existenciais que se completam pelo uso de guitarras radiantes, como se saídas de algum disco do Skank. Mesmo baladas, como 32 e Viver de Amor, parecem dialogar com uma parcela maior do público.

Claro que isso não interfere na entrega de canções ainda íntimas dos antigos álbuns do quarteto. Exemplo disso fica mais do que evidente na sequência formada por Nada Igual e a faixa-título do disco. Enquanto a primeira evoca The Smiths e destaca o fascínio da banda pela década de 1980, com a música seguinte, o grupo combina melancolia e libertação em um sutil aceno para o repertório montado para Violeta. “Eu estava preso em ti / Mas estava correndo de nós / Eu estava esperando a poeira baixar”, confessa Sater.

Dentro desse espaço que combina passado e presente da Terno Rei, o quarteto paulistano ainda aproveita para estreitar laços com novos parceiros criativos. Em Relógio, que detalha cenas simples do cotidiano, é o veterano Lô Borges quem assume parte dos vocais. Outra mineira que dá as caras dentro do disco é Clara Borges, do Paira, companheira da banda em Tempo, faixa que aproxima o grupo da produção eletrônica.

Equilibrando canções de apelo pop com faixas mais densas e contemplativas, o grupo garante ao público um repertório maduro, coeso e sensível, proposta que evidencia tanto o entrosamento entre os integrantes, quanto a disposição em dialogar com outras vozes e referências. É a confirmação de uma banda em plena forma, confortável com o que construiu até aqui, mas ainda curiosa sobre o que pode ser criado adiante.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.