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Crítica

The National

: "Laugh Track"

Ano: 2023

Selo: 4AD

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Bon Iver e Interpol

Ouça: Space Invader e Smoke Detector

7.3
7.3

The National: “Laugh Track”

Ano: 2023

Selo: 4AD

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Bon Iver e Interpol

Ouça: Space Invader e Smoke Detector

/ Por: Cleber Facchi 05/10/2023

Mesmo repleto de colaboradores, como Sufjan Stevens (Once Upon a Poolside), Phoebe Bridgers (Your Mind Is Not Your Friend) e Taylor Swift (The Alcott), faltou ao nono trabalho de estúdio do The National, o ainda recente First Two Pages of Frankenstein (2023), um componente fundamental: o ritmo. Com a bateria de Bryan Devendorf em segundo plano, o grupo, completo pelos músicos Matt Berninger, Aaron Dessner, Scott Devendorf e Bryce Dessner, decidiu investir em uma produção eletrônica e contida, resultando em uma extensão arrastada de tudo aquilo que a banda havia testado no antecessor I Am Easy to Find (2019).

Prazeroso perceber em Laugh Track (2023, 4AD), sequência direta ao trabalho entregue há poucos meses, uma parcial fuga desse resultado. Concebido durante as sessões que deram origem ao último registro do quinteto de Cincinnati, porém, finalizado durante a turnê de divulgação de First Two Pages of Frankenstein, o álbum de doze faixas destaca o esforço da banda não apenas em favorecer a bateria antes limitada de Bryan Devendorf, como em potencializar os demais instrumentos contidos pelo estilo de produção que Aaron Dessner tem incorporado desde as recentes empreitadas em estúdio com Ed Sheeran e Taylor Swift.

Mesmo que parte desse resultado venha da escolha da banda e entregar a produção do disco a outros colaboradores, como Tony Berg (Boygenius, Andrew Bird), John Leventhal (Johnny Cash, Paul Simon) e Tucker Martine (The Decemberists, R.E.M.), evidente é a ferocidade do quinteto em diversos momentos ao longo do álbum. Posicionada no encerramento do trabalho, Smoke Detector talvez seja a composição mais representativa desse resultado. Do uso ruidoso das guitarras à voz forte de Berninger, desde registros como o potente High Violet (2010) e Trouble Will Find Me (2013) que o grupo não parecia tão liberto em estúdio.

Claro que esses momentos de maior pulsação são sempre acompanhados por canções ainda íntimas do repertório contemplativo explorado em First Two Pages of Frankenstein. A diferença está na forma como quinteto rompe com o uso de músicas puramente atmosféricas, garantindo espaço para que a bateria de Devendorf ocupe possíveis brechas do disco. Mesmo quando tende ao enquadramento sintético, como em Weird Goodbyes, parceria com Bon Iver, evidente é o esforço do grupo em conduzir a experiência do ouvinte de maneira fluida, estrutura que faz lembrar do material apresentado em Sleep Well Beast (2017).

Sobrevive justamente no encontro entre esses dois extremos da obra, sempre pontuada por momentos de maior calmaria e urgência, a passagem para algumas das canções mais interessantes do trabalho. É o caso de Space Invader. Uma das primeiras composições do registro a serem apresentadas ao público, a faixa de quase sete minutos segue uma abordagem bastante característica do lançamento anterior, com suas ambientações sutis e vozes macias, porém, reserva para os momentos finais uma catártica combinação de elementos que parte da base etérea, cresce no uso das guitarras e explode na bateria insana de Devendorf.

Embora bem-sucedido quando próximo do registro que o antecede e repleto de boas canções, como a inusitada Crumble, colaboração com Rosanne Cash, Laugh Track peca pela longa duração e faixas que poderiam facilmente dar lugar a outras composições de maior intensidade, como as já citadas Space Invader e Smoke Detector. São músicas como Hornets, Coat on a Hook e Tour Manager que, mesmo executadas de maneira bastante cuidadosa em estúdio, ecoam de forma menos impactante, resultando em uma obra talvez instável, porém, repleta de bons momentos que destacam a força criativa do quinteto.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.