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Crítica

Tinashe

: "Quantum Baby"

Ano: 2024

Selo: Nice Life

Gênero: R&B

Para quem gosta de: Kehlani e Victoria Monét

Ouça: Getting No Sleep e Nasty

7.6
7.6

Tinashe: “Quantum Baby”

Ano: 2024

Selo: Nice Life

Gênero: R&B

Para quem gosta de: Kehlani e Victoria Monét

Ouça: Getting No Sleep e Nasty

/ Por: Cleber Facchi 29/08/2024

Segundo capítulo da trilogia iniciada por Tinashe com BB/ANGEL (2023), Quantum Baby (2024, Nice Life) traz de volta o que há de mais característico no som da artista norte-americana. São canções que partem do R&B tradicional, porém, se completam pelo uso de inserções sutis de música eletrônica, conceito que tem sido explorado desde 333 (2021), mas que volta a se repetir de forma ainda mais interessante em cada uma das oito composições que integram o fino repertório montado pela cantora para o presente trabalho.

Com No Simulation como música de abertura, Tinashe entrega ao público um material que se revela aos poucos, sem pressa. Embora curta, a faixa de pouco mais de um minuto sintetiza de forma eficiente parte dos temas e elementos que serão explorados ao longo da obra, como o uso das vozes como instrumento, a inserção calculada das batidas e bases eletrônicas que contam com a assinatura de nomes como Nosaj Thing. É como um preparativo para o que se revela em completude com a chegada de Getting No Sleep, canção que parte de uma abordagem reducionista, mas que cresce aos poucos, hipnotizando o ouvinte.

Uma vez ambientado ao disco, cada nova composição se revela como um objeto precioso. São inserções sempre minimalistas, proposta que faz lembrar o estilo adotado por Björk em Vespertine (2001), porém, preservando a identidade criativa de Tinashe. Exemplo disso fica bastante evidente em Thirsty, um R&B econômico, ainda que deliciosamente provocador. “Eu sei que minha boca é muito suja / Mas eu nunca minto, não se preocupe / Eu não te deixo com muita sede?”, canta em meio a batidas e bases calculadas.

Claro que esse reducionismo todo nem sempre parece funcionar. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida em Red Flags. Ainda que a letra da canção destaque o refinamento poético de Tinashe, a economia excessiva das bases e completa ausência das batidas fazem com que a faixa pareça inacabada. Nada que Cross That Line, entregue minutos à frente, não dê conta de solucionar, efeito direto da produção meticulosa que conta com assinatura de Z3N, destacando os versos sutilmente trabalhados pela artista.

Esse mesmo direcionamento acaba se refletindo com a chegada da crescente When I Get You Alone. Com ares de canção perdida da era Aquarius (2014), a faixa destaca a força das batidas sem necessariamente romper com a abordagem reducionista do trabalho, preparando o terreno para o que se revela de forma ainda mais interessante em No Broke Boys. Marcada pela temática do empoderamento, a música evidencia o esforço da artista em ampliar os próprios horizontes e buscar por novas temáticas ao longo do material.

Escolhida para o encerramento dessa jornada sentimental, poética e sonora proposta pela cantora, Nasty pontua o álbum sem grandes surpresas, porém, destacando o impacto de Tinashe. Catapultada por conta do sucesso no TikTok, a faixa eleva tudo aquilo que a artista busca desenvolver ao longo da obra, partindo de uma base minimalista, mas que gruda na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição. É como uma síntese do próprio trabalho da cantora, sempre econômico, ainda que profundamente marcante.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.