Disco: “Baby”, Tribes

/ Por: Cleber Facchi 25/01/2012

Tribes
British/Indie/Alternative Rock
http://tribesband.com/

Por: Gabriel Picanço

A teoria de que o Rock and roll morreu é, há bastante tempo, um assunto recorrente nas discussões sobre a música pop. Dizem que a crise do rock só não é mais grave quanto a que vive o cristianismo. Afinal, um novo profeta do rock pode surgir a qualquer momento. Alguns batem o martelo e afirmam que a era dos conjuntos baseados em guitarra-baixo-bateria já chegou ao fim.  Mas muita gente ainda tem fé e lembra que as viradas espetaculares do gênero aconteceram em momentos de descrédito quase que total, como o atual.

Ninguém sabe ao certo o porquê da crise de popularidade do gênero, se é o resultado apenas da saturação do formato ou simplesmente culpa da indústria que percebeu que pode lucrar mais com outros estilos. A verdade é que boas novidades estão cada vez mais raras e já faz mais dez anos que a último álbum de rock a alcançar sucesso de público e crítica – ou, em outras palavras, “a entrar para história” – foi lançado. Mesmo assim, fãs do gênero continuam atentos as bandas que diariamente surgem de garagens ao redor do mundo. Volta e meia nasce um grupo que pode ser uma solução momentânea para a crise. Ou aquela melhora no estado de saúde de um doente terminal que precede a sua morte repentina.

A banda Tribes é a bola da vez.  O grupo estourou na sua terra natal, Inglaterra, com o single We Were Children, lançado no ano passado. O sucesso da faixa na BBC garantiu a presença do quarteto em festivais importantes e lhes deu a oportunidade de dividir palco com grandes nomes do rock, como Pixeis, e nomes médios, como Mystery Jets. Nem precisa falar que o grupo também se tornou figurinha fácil em listas de “bandas para ficar de olho em 2012” e recebeu a ingrata missão de salvar o pouco de dignidade que ainda resta ao rock.

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Baby, a estréia da banda, é um álbum que promete render outros hits além da já citada We Were Children, carro chefe do disco. A ótima e grudenta faixa vem direto dos anos noventa, com direito a presença do riff praticamente sampleado de Were Is My Mind (1988), do Pixies. O single e o álbum como um todo são reflexo do fenômeno que faz com que a garotada por volta dos vinte anos se desespere de saudades e nostalgia da década de 1990. Para eles (nós), nunca houve tempo melhor. As crianças brincavam na rua, os programas na TV eram incríveis e o rock ia muito bem.  É fácil perceber no álbum que a influência mais forte é a de bandas dessa época, sejam as ligadas ao Britpop ou ao Grunge americano.

These things happen, we were children in the mid 90’s“, diz o refrão de We Were Children. Nas letras do disco, Johnny Lloyd, vocalista, guitarrista e principal compositor do grupo, volta a fazer referência ao passado. Na balada Corner  of an English Field, por exemplo, Lloyd revisita os lugares onde costumava brincar na infância. O álbum continua repleto de canções melancólicas e ligadas a memórias urbanas, mas a principal características da sonoridade do Tribes é mesmo o DNA noventista, que fica claro em músicas como Sappho e Walking in The Streets.

As grandes bandas que revolucionaram o rock sempre se inspiraram em algum período no passado, porém, Baby não é um álbum que traz uma novidade arrebatadora. Alguns riffs, solos e até faixas inteiras acabam soando familiares demais. Mas, apesar de ficar devendo em novidade e frescor, por outro lado, a estreia do grupo não decepciona ou apresenta falha grave em qualquer outro momento. É muito provavél que este não seja o disco que vai dar nova vida ao rock, mas sem dúvidas é uma ótima pedida para ouvir enquanto se espera a salvação.

Baby (2012, Island)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Yuck, Cymbals Eat Guitars e Smith Westerns
Ouça: We Were Children, Sappho e Whenever
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.