Tennis
Lo-Fi/Indie Pop/Female Vocalists
http://www.myspace.com/tennisinc
Por: Cleber Facchi
É inevitável fazer comparações ao ouvir Cape Dory (2011), o primeiro trabalho de estúdio da dupla Alaina Moore e seu marido Patrick Riley do Tennis. Os norte-americanos transitam por uma sonoridade abafada de guitarras em textura dream pop típicos do Beach House, além de algumas pitadas de indie surf tão características que até parecem vindas da também dupla Best Coast. Com tantas referências sobra ainda espaço para que o casal possa gerar uma sonoridade própria, repleta de melodias pop e faixas cantaroláveis.
Integrados ao selo Fat Possum Records – o qual serve de abrigo para bandas como Wavves, Crocodiles e Smith Westerns, alguns dos figurões da atual cena lo-fi americana – a dupla que surgiu em meados de 2010 teve sua origem de maneira mais improvável possível. Depois que o casal decidiu largar suas vidas tediosas, e partir em um passeio de sete meses em um barco da Flórida até o Bahamas, surgiu durante a viagem a necessidade de fazer música. A união mar, sol e guitarras resultaram em boa parte das influências que estão no disco.
É como se no meio do passeio de barco pelo Atlântico o casal fosse sugado para dentro de um nexo temporal no meio do triângulo das bermudas e só saísse de lá depois de um longo período de estadia entre os anos 50 e 60. As guitarras, camadas de som e a bateria, tudo carrega uma forte aura vintage em sua constituição. Aos poucos a primeira impressão e as comparações com outros artistas acabam ficando de lado. O que fica é a constatação de que a dupla de fato conseguiu elaborar uma sonoridade única.
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As letras que retratam um pouco do cotidiano do casal durante o passeio com o veleiro são amarradas a uma instrumentação singela e de profunda delicadeza. Os gritinhos, gemidos, e os empolgados sons vocálicos expressos por Moore vêm para contribuir ainda mais para o desenvolvimento do disco. É impossível não se deixar conduzir em meio a canções como Long Boat Pass ou pela charmosa Marathon.
Mesmo os ouvintes mais despreparados logo irão se sentir extasiados pelo som simpático do casal. As faixas reproduzidas em baixíssima qualidade de gravação dão um toque a mais ao álbum. Mesmo que as gravações soem grosseiras as composições melódicas desenvolvidas por Riley dão ao trabalho um brilhantismo sem igual. As faixas transitam por uma instrumentação livre de exageros e que criam uma atmosfera confortável e acolhedora, como se de fato a dupla conseguisse reproduzir a sensação obtida durante sua jornada marítima.
Cape Dory é um disco de pura sensibilidade e de apreciação. O álbum pode não alcançar o mesmo patamar sofisticado de Teen Dream (Beach House) ou esbanjar o mesmo espírito e energia do Best Coast, contudo a sinceridade e a funcionalidade comportada de suas canções geram um disco tão interessante quanto.
Cape Dory (2011)
Nota: 8.0
Para quem gosta de: Beach House, Best Coast e Eternal Summer
Ouça: Marathon
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.