Bass Drum Of Death
Garage Rock/Lo-fi/Noise Pop
http://www.myspace.com/johnbarrettmusic
Por: Cleber Facchi
CB City (2011) da dupla Bass Drum of Death é um disco para quem gosta de rock, só isso já basta para você desligar 30 minutos da sua vida e correr para apreciar o som desses caras de Mississipi. Marcado pela urgência de guitarras sujas e uma simplicidade energética nas composições, o álbum despeja onze faixas repletas de crueza, climão caseiro e letras para serem cantadas aos berros, enquanto você balança freneticamente sua cabeça para frente e para trás.
Com contrato recentemente assinado com a Fat Possum Records, o disco da dupla John (guitarra) e Colin (bateria) não difere muito de outros trabalhos lançados por artistas do selo, como Yuck, Crocodiles e principalmente Wavves. A sonoridade produzida pelo duo se assemelha muito ao que é encontrado nos primeiros álbuns lançados por Nathan Williams e sua trupe, claro, que livre de todo o experimentalismo e até com um som um pouco mais limpo. Outro trabalho bastante similar ao dos dois garotos é o No Age, dos californianos Randy Randall e Dean Allen Spunt. Há também um “q” de The Hives escondido bem lá no fundo.
O sentimento de urgência faz abrigo nesse álbum e estende-se da primeira à última canção. Nenhuma das músicas ultrapassa os três minutos, chegando recheadas por rifes poderosos, batidas secas de bateria e vocais ruidosos quase indecifráveis. Nas letras os dois garotos falam de drogas (assunto mais explorado no trabalho), roubos, brigas, sexo e até momentos de “introspecção”. Gravado inteiramente por John com o auxilio de um microfone USB, guitarra, bateria e, claro, um computador, o trabalho entrega o melhor do espírito D.I.Y.
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Nerve Jamming abre o álbum com os vocais e a sonoridade abafadíssimos, quase uma massa sonora única se não fossem alguns gritos esporádicos e rajadas descontroladas de guitarra. Já na primeira audição o ritmo direto te bota para dançar, e sem perceber você já está cantarolando junto de John. Na canção seguinte, que nomeia o disco, a energia da dupla não cessa e você recebe mais avalanche sonora, dessa vez permeada por guitarras mais detalhistas e acordes mais abertos. Se em “estúdio” a canção mostra todo seu potencial, ao vivo a faixa deve se converter em um poderoso arrasa-quarteirões dançante.
Mais à frente Velvet Itch carrega uma gama de elementos que vão do rock dos anos 70, passando pelas composições lo-fi da década de 1990 até chegar ao rock dançante dos anos 2000. A carga de sujeira despejada em cada novo acorde vai invadindo os ouvidos sem pedir licença, fazendo os tímpanos vibrarem de maneira estrondosa. Uma das canções mais agradáveis do disco é Young Pros, por conta do backing vocal engraçado e da melodia quase surf a faixa consegue soar pesada e ao mesmo tempo suave, entregando a total descontração da dupla.
Se alguém for atrás do Bass Drum of Death em busca de um som mais limpo essa é uma procura sem resultados. CB City é como um diamante em estado bruto, e que não precisa ser lapidado. Nas onze faixas curtas que vão edificando o álbum, o duo em nenhum momento deixa a desejar, soltando uma sucessão de canções energéticas e que te botam pra dançar em questão de segundos. O fato de ter sido gravado de maneira de maneira literalmente caseira só mostra que um bom disco não precisa de superproduções ou excessivos detalhamentos, apenas vontade e talento, coisa que a dupla mostra o tempo todo.
CB City (2011)
Nota: 7.5
Para quem gosta de: Yuck, Wavves e Smith Westerns
Ouça: Young Pros
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.