Low
Indie/Slowcore/Post-rock
http://www.myspace.com/low
Por: Cleber Facchi
O Low é um desses casos raros de banda pouco conhecidas, mas que facilmente figuram entre as listas de favoritas dos apreciadores de música. Sempre nos embarcando em um passeio sonoro quase onírico, a banda de Minnesota volta com mais um trabalho macambúzio, repleto de acordes deprimidos, vocais arrastados e um estranho sentimento sofredor que nos acompanha da primeira à última faixa. Com o mesmo cuidado de sempre o grupo volta apenas para firmar toda sua excelência dentro do gênero slowcore.
C’Mon (2011), este é o nome do novo trabalho de Alan Sparhawk, Mimi Parker e Steve Garrington, um disco lento, mas que deve ser apreciado assim, com paciência, a fim de absorver cada mínima nuance exposta dentro do álbum. Em 45 minutos a banda nos mostra todo seu lado sofredor e ainda assim magnânimo, através do uso de tonalidades traçadas de maneira precisa, passeando pelos campos do etéreo em um universo de melancolia e suavizações.
Cada faixa dentro desse disco (assim como dos demais lançamentos do grupo) consistem nos detalhes, minúcias estas que podem facilmente passar despercebidas se não observadas com cuidado. Ouçam Witches, em meio a uma barreira de guitarras e massificações sonoras, pequenos pilares instrumentais ajudam a solidificar a composição. Sejam solos levemente viajados de guitarra ou a categórica utilização de um banjo aos arredores da canção, tudo é feito com distinção e produzido de maneira bela.
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Nos mais de oito minutos de Nothing But Heart, faixa mais extensa do disco, o trio nos conduz a um passeio em que o elemento guia é a guitarra de Sparhawk, e não há condutor melhor do que este para tal viagem. Talvez por sua extensão e pela assumida predisposição a psicodelia, a faixa lembra muito alguma coisa feita por Jason Pierce do Spiritualized, embora de maneira muito mais concisa e nem tão viajada.
Mesmo quando nos entregam composições mais simplistas, como a faixa de encerramento Something’s Turning Over, o “simples” não quer necessariamente dizer isso. A condução das melodias vem de maneira caprichada e sempre graciosa. Se há sofrimento do disco, faixas como esta mostram que é um tipo de dor aceitável e que merece ser recebida. Todo o peso e a sobriedade de Done, por exemplo, demonstram isso. A voz serena de Alan Sparhawk sempre seguida do backing vocal de Mimi Parker nos abraça, afaga e consola.
Embora este nono disco do Low seja sim um achado instrumental, ele incontestavelmente não se aproxima de discos como Drums and Guns (2007) ou Things We Lost in the Fire (2001), grandes clássicos da banda. Entretanto, o álbum e todos seus adornamentos, assim como composições lindíssimas feito Especially Me, Witches e Majesty Magic comovem e nos impedem de abandoná-lo. Um passeio sincero e sofrido feito na medida para emocionar.
C’Mon (2011)
Nota: 7.8
Para quem gosta de: Slowdive, Galaxie 500 e Yo La Tengo
Ouça: Especially Me
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.