Disco: “Constant Future “, Parts & Labor

/ Por: Cleber Facchi 08/02/2011

Parts & Labor
Indie Rock/Noise/Experimental
http://www.myspace.com/partsandlabor

 

Por mais que você encontre referência por ai classificando o Parts & Labor como uma banda de noise rock, essa definição parece não mais coerente com Constant Future (2011), o mais recente trabalho dessa banda nova-iorquina que desde 2002 vem trilhando sua carreira pelo underground. Embora boas doses de guitarras permeiem todas as composições da banda, muito do que se desenvolve no disco vem de maneira até bem comportada se comparada aos trabalhos iniciais do grupo ou se observarmos os lançamentos de outros artistas.

A banda de agora vem muito mais tranquila, substituindo as guitarras ásperas da estreia Groundswell (2003) por programações frias além de solos de teclado e guitarras melódicas ressoando uma aura eletrônica. A fórmula do grupo é bem simples. Uma bateria firme e que comanda o rumo do disco, guitarras semi-sujas fazendo uma poluição ocasional ao fundo das composições, enquanto pequenas inserções de guitarras e teclados vão dando distinção as composições.

Comandada por B.J. Warshaw (baixo e vocais) e Dan Friel (teclados, guitarras e vocais) além da troca quase constante de bateristas, o Parts & Labor já circulou em turnê ao lado de bandas como TV On The Radio, Deerhoof, Battles e Matt & Kim em quase uma década de ótimos discos lançados. Pelo novo trabalho fica a sensação de que a agressividade dos primeiros lançamentos está lentamente sendo deixada de lado. A predisposição do grupo agora se volta para a música eletrônica e para o experimentalismo, apesar desse último com menos distinção.

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A banda se assemelha e muito com o HEALTH do segundo disco, ou como uma versão mais melódica do No Age. As composições de Warshaw e Friel não dispõem de excessos e se concentram muito mais na criação de composições concisas como Pure Annihilation, uma faixa circundada por teclados e programações eletrônicas delicadas, quase pop. É claro que criações mais enérgicas e menos detalhistas como Bright White chegam recheadas de doses intensas de distorção, bateria elevada ao máximo e um peso extra que aí sim faz o grupo soar como uma banda de noise rock.

Contudo é através de faixas suaves como Echo Chambers com seus solos de teclado, uma bateria eficiente, porém não agressiva, e alguns acordes bem executados que o novo disco alcança seus melhores momentos. Em Skin and Bones o grupo consegue unir o melhor dos dois lados em prol de uma composição que vai de guitarras pesadas a uma melodia quase pop em questão de segundos. Outra que merece destaque é Without A Seed, uma dessas músicas feitas para serem cantadas em coro por conta do vocal cativante e dos acordes bem inseridos.

O Parts& Labor criou com esse novo disco um trabalho que a cada nova audição vai revelando novas e novas camadas de sons, ruídos e melodias em todas as suas 12 composições. De fato a banda não chega nem perto das gritarias, distorções e microfonias de grupos como Sleigh Bells, No Age ou muitas bandas do gênero. Talvez seja o tempo e a experiência que acalmou a rebeldia do grupo em sua fase inicial ou talvez apenas estejam explorando novas formas de desenvolver seu som.

 

Constant Future (2011)

 

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Ponytail, Dan Friel e Abe Vigoda
Ouça: Hurricane

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.