Disco: “Coral”, Monster Rally

/ Por: Cleber Facchi 04/03/2011

Monster Rally
Electronic/Chillwave/Tropical
http://monsterrally.bandcamp.com/

 

Por: Cleber Facchi

Há algum tempo circulando pela rede, Coral (2011) é o mais recente trabalho do produtor norte-americano Ted Feighan, que atua sob a alcunha de Monster Rally. Com o novo álbum, o músico que é dissidente de Cleveland dá contornos mais orgânicos às composições do disco, que funcionam dentro da temática surf-eletrônica-chillout tão similar a muito do que foi lançado em 2010. Porém, diferente do grande número de álbuns focando na chillwave, o trabalho do norte-americano explora um lado muito mais tátil e menos viajado do gênero.

Nas dezesseis faixas que preenchem os pouco mais de 40 minutos do disco, Feighan cria uma composição instrumental relaxante e trabalhada no uso de detalhamentos ruidosos milimetricamente encaixado. Além das singelezas eletrônicas aplicadas de maneira quase imperceptível dentro do disco, o produtor vai atrás de uma instrumentação sincera (embora simplista) para movimentar o álbum. Solos de guitarras inspirados pela surf music, pianos, teclados e uma percussão bem conduzida vão aos poucos dando fomento ao trabalho.

Enquanto Chazwick Bundick do Toro Y Moi busca por uma sonoridade mais “esvoaçada” em seu trabalho e Gold Panda vai atrás da mescla com elementos orientais, o Monster Rally se prende a composição de faixas inspiradas por um clima tropical e até mais dançante. Mesmo que as canções sejam banhadas em várias camadas ruidosas, Feighan tenta a todo o momento ressaltar alguns elementos mais limpos e que se sobressaem inclusive às batidas. Em The Birds (Pts. 1-2) Quando o músico pende levemente para as repetições excessivas, a rápida entrada de um pandeiro já causa toda a diferença, o mesmo vale para a guitarra menos suja em Champagne/Holiday.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Sot1CuXeLaM]

O interessante em Coral está no fato da constante mutabilidade das canções. Embora a sonoridade tropical surja como um fio condutor dentro do trabalho há uma alternância constante no ritmo e na temática das criações. O produtor consegue ir da melancolia de Ribbons à “exaltação” em Swamp Campfire (com o uso de flautas bolivianas, que estranhamente não soam desinteressantes) sem parecer estranho ou responsável por dar forma a um som excessivamente quebradiço.

Ted Feighan consegue trabalhar tanto com composições mais “concretas” como Sun Vídeos, Cuban Velvet e Soft Lamp/Palm Reader, em que a instrumentação funciona de maneira mais direta, como sabe também desenvolver uma sonoridade mais etérea. O resultado torna-se visível em Heart of Grass e Champagne/Holiday, com o músico dando maior propriedade ao seu lado mais experimental e mergulhando abruptamente no lado mais eletrônico das faixas.

Coral é um trabalho que gradativamente parece ganhar vida. A ampla variação de tons e referências que vão da música indiana à caribenha dão ao trabalho uma propriedade única. Embora o trabalho não consiga absorver a mesma efervescência pop de discos como Psychic Chasms (2009, Neon Indian) ou Life of Leisure EP (2009, Washed Out) essa estreia do Monster Rally se mostra verdadeiramente habilidosa e recheada de variações musicais constantes. Um disco para ser aproveitado antes que o verão se extinga ou para acalentar o inverno que se aproxima.

 

Coral (2011)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Tennis, Gold Pand e Toro Y Moi
Ouça: Champagne/Holiday

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.