Disco: “Excerpts”, Ensemble

/ Por: Cleber Facchi 19/01/2011

Ensemble
Electronic/Ambient/Experimental
http://www.myspace.com/olivieralary

 

É estranho nomear um trabalho tal qual Excerpts como um disco experimental. Observado atentamente o álbum é um belo conjunto de arranjos excepcionais casados com toques minimalistas e pequenos recortes sonoros que lentamente vão se transformando em enormes canções melódicas puramente acessíveis. Nada ali vêm de maneira estranha, as canções fluem de maneira climática embaladas por um excelente arranjo, apenas diferente, nada experimental.

Comandado pelo canadense Olivier Alary, com arranjos de Johannes Malfatti e com os empréstimos vocálicos de Darcy Conroy o Ensemble é um projeto que se foca na criação de faixas detalhadas dentro de uma composição quase ambiental de grupos como Sigur Rós e múm. Porém, enquanto esses grandes criadores de canções contemplativas necessitam de oito, dez ou quinze minutos para estabelecer uma aura às faixas Alary e seus parceiros carecem de muito menos. Before Night, a mais extensa faixa de Exerpts conta com pouco mais de cinco minutos de arranjos compostos, mas é com metade deles que ela já encanta o ouvinte.

Cantado em inglês e francês o álbum parece fluir como a trilha sonora de algum filme imaginário que tem suas cenas se desenvolvendo em algum café de Paris. Aquele típico drama com toques de comédia, quase um Amelie Poulain menos engraçadinho, mas ainda assim encantador. Os apontamentos de Alary e os arranjos de Malfatti vão da instrumentação clássica ao modernismo em segundos onde o único fio condutor é a voz mais do que eficiente de Conroy para dar brilho e seguimento às canções. Os instrumentos se intercalam pelo uso de elementos acústicos além do uso constante de teclados e sintetizadores que dão toques futurísticos às faixas.

Exerpts é como se Yann Tiersen se encontrasse com um Animal Collective menos ruidoso. Um quase disco pop, um quase trabalho experimental. Parece até que as faixas do álbum transitassem constantemente em um meio termo. Um pouco mais e se transformariam em um simpático álbum puramente radiofônico, um pouco menos e seria um épico experimental esbanjando arranjos etéreos.

Existe por detrás das camadas das canções uma forte presença cênica, como se fossem parte de uma de um grande musical ou peça de teatro. Esse sem dúvidas é um elemento que vem marcado pela presença de Johannes Malfatti na construção das canções. O compositor já participou como responsável pela trilha sonora e arranjo de áudios de uma série de filmes, peças e musicais ao redor do globo, além de um profundo fascínio pelo desenvolvimento de arranjos sofisticados voltados para orquestras. As faixas propostas por Malfatti ganham vida, crescem e encantam em um curto período de existência.

O mais recente álbum do Ensemble é um trabalho que esbanja vivacidade e se vale do uso de arranjos grandiosos para que cada canção flua de maneira distinta dentro de uma espécie de orquestra semi-futurística, mas que mantém firme suas raízes com as melodias e composições clássicas.

 

Excerpts (2011)

 

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Yann Tiersen, Björk e Arcade Fire
Ouça: Les Saisons Viennent

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.